Pai, temos muito que falar
O meu filho aos dois anos não dizia uma palavra. Conseguia comunicar com qualquer pessoa através dos seus gestos e expressões. Com a família, bastava um "Hmm" que a Avó já sabia o que ele estava a pedir.
Ficamos preocupados, mas seguros que haveria de acontecer o clique, o momento em que iria surgir a primeira palavra.
Partilhamos esta preocupação com o pediatra. Ele aconselhou a esperar, mas nós não estávamos convencidos. Insistimos com o pediatra para nos aconselhar alguém com quem pudéssemos falar.
Sugeriu falarmos com uma pedopsicóloga para fazermos uma primeira avaliação. Assim fizemos. Tivemos uma conversa a três, eu, a Mãe e a psicóloga. O menino estava a "brincar" com uma terapeuta da fala.
Facilmente chegámos à conclusão que faltavam estímulos para que o menino falasse. Fizemos duas ou três sessões de terapia e deu-se o momento em que surgiu a primeira palavra... "Vó".!?!
Anda um Pai e uma Mãe a criar um filho para quando este diz a sua primeira palavra, não quer saber dos Pais. :(
As sessões foram de grande aprendizagem, sobretudo para nós Pais. Ficamos a conhecer ferramentas que nos foram úteis para continuarmos o desenvolvimento.
Hoje, o mais pequeno é o tagarela lá de casa. Conta histórias, inventa palavras, sempre com muito à vontade. Ele é comentador desportivo, analista político, crítico de cinema e séries e observador de tudo o que o rodeia.
Ao telefone é mais comedido. Não é de muitas palavras, resume-se ao simples e direto. Tenho a sensação que este comportamento vai mudar com a idade.
Continua super expressivo com linguagem não verbal. É muito engraçado vê-lo a expor a sua opinião e, com a ajuda das mãos e expressões faciais, vincar a sua ideia.
Ter uma conversa com uma criança de 6 ou 7 anos é quase como descobrir um mundo novo, uma perspetiva diferente das coisas, um olhar curioso e uma grande vontade de se fazer ouvir.
"Pai, temos de conversar", ele ainda é novo para conversas mais complicadas, por isso respiro fundo e digo "Ok, senta-te aqui ao meu lado".
O Pai