Pai, quero ser como o Ronaldo
Somos literalmente invadidos pelo fenómeno Cristiano Ronaldo. Há quem catalogue a nossa cultura com os famosos três “F” - Fátima, Fado e Futebol, mas o Ronaldo quase que está a ganhar o seu espaço e a acrescentar um “R” só para si.
O que é ser um ídolo para uma criança? É o estilo, é por aparecer muitas vezes na televisão, é por ter carros potentes, é por cantar bem…? Não sei bem explicar, mas o que é certo é que as crianças têm estas estrelas como referências para quase tudo.
Em criança eu também tive os meus ídolos. No futebol claro, gostava de ser o Futre. Número 10 nas costas, cabelo esvoaçante, carro potente e amarelo e um craque no futebol. Pois, a cena do cabelo valeu-me uma tesourada da minha Mãe quando apareci em casa com a famosa mullet (para quem não sabe é deixar o cabelo crescer sobre o pescoço). Tinha pedido ao meu cabeleireiro que queria o cabelo como o do Futre!
Lembro-me também de me ter passado pela cabeça ser o Maverick do Top Gun, a personagem do Tom Cruise. Cheguei a ir para a escola de t-shirt branca por dentro das calças e a segurar o casaco com um dedo e por cima do ombro. Que estilo!
Com o Ronaldo é isto e muito mais. Cada passo que ele dá é notícia. E não me estou a queixar, porque é provavelmente a primeira estrela portuguesa que é reconhecido em todo o Mundo. Por sermos portugueses, provavelmente perdemos a noção da sua dimensão mediática, mas é quase vermos um Michael Jordan, uma Adele ou Taylor Swift, só que ainda com mais força e influência.
O miúdo lá em casa sabe tudo sobre o craque do Real Madrid. Reconhece as chuteiras que ele usa, sabe que carros tem, quantos golos marcou… por aí fora. Para um rapaz é marcante ter um ídolo assim, com sucesso e português. Como Pai, não acho mal, não é uma obsessão, longe disso. A imagem que passa do Ronaldo fora do campo de futebol é interessante, muito próximo da família, apaixonado pelo filho, atencioso com as crianças com o abordam, líder, divertido, etc.
Não deixa de ser um sonho dizer “Um dia quero ser como o Ronaldo”, porque acontece 1 em 10 milhões (ou mais), mas ter um ídolo para uma criança é ter uma influência, uma referência, em alguns aspetos é abrir um pouco a visão que muitas vezes está concentrada nos Pais e nos familiares mais próximos.
Claro que temos de medir constantemente os níveis. Não queremos, como Pais, que se torne uma obsessão, não queremos que, se acontecer um ato desviado, isso seja imitado ou até desculpado porque se o ídolo faz a criança também posso fazer.
Não nos podemos esquecer que, nós somos os maiores ídolos dos nossos filhos, as suas referências. Por mais Ronaldos que existam (e é bom que existam), o comportamento das nossas crianças tem de ter um caminho próprio, as suas próprias ideias e a sua personalidade, que não deve ser regido pela forma de estar dos idolatrados. Referência sim, obsessão não.
O Pai