Pai, qual é a melhor idade para ser Pai?
Sou melhor Pai com 30 ou com 40? Claro que existem diferenças. Os Pais são diferentes consoante a idade em que os seus filhos nascem, não tenho dúvidas. Se por um lado a idade faz-nos ser pessoas diferentes, por outro tudo tem que ver como a nossa vida nesse momento.
Fui Pai pela primeira vez com trinta e poucos anos. Sentia-me estável tanto ao nível emocional como profissional. Tinha um emprego seguro e já estava casado. O cenário típico do casal português, que estudam até ao 20 e poucos, depois procuram alguma estabilidade profissional, juntam os trapinhos com a sua cara metade e aí sim pensam em ter filhos. Exatamente isto.
Penso várias vezes como foi com os meus Pais. Eu nasci tinha a minha Mãe 20 anos e o meu Pai 24. Namoraram uns anos e a gravidez acabou por acelerar o casamento. Tinham os seus empregos bem distintos, a minha Mãe trabalhava numa confeção têxtil e o meu Pai numa fábrica de produção alimentar. A minha Mãe entrava a trabalhar às 8 da manhã e o meu Pai fazia turnos, ora trabalhava de noite, ora trabalhava de dia.
Sempre me disseram que queriam muito ter filhos, mas que gostariam de ter planeado mais as coisas para que o bebé não lhes virasse a vida ao contrário. Mas foi o que aconteceu e safaram-se muito bem.
Eu com 24 anos não tinha emprego estável, estava prestes a ir trabalhar para o estrangeiro para ganhar mais experiência profissional e a Mãe dos meus filhos estava a estagiar. Víamos ainda longe a possibilidade de sermos Pais.
Aos 30 nasceu o nosso primeiro filho. Estávamos muito bem preparados para o desafio da parentalidade e tudo se encaixou bem. Foi bem mais difícil a decisão de avançarmos para o segundo. Com a vida mais ou menos estabilizada, partir para um segundo filho ficou sempre em segundo plano. Eu decidi aventurar-me noutras experiências profissionais e a Mãe não se sentia com forças para avançar. Julgo que nos faltou um pouco de coragem e fomos adiando… Os anos passaram e chegamos aos 40.
Aos 40 sentimos verdadeiramente o efeito da idade a passar. Não somos velhos, mas também não somos jovens. Sentimo-nos com força para quase tudo, mas o esforço é por vezes a dobrar. O que nos falta em força física sobra-nos em maturidade e talvez foi esse o prato da balança que pesou mais quando resolvemos que seria a natureza a decidir se iríamos ser Pais novamente. E fomos!
Hoje somos Pais quarentões, mais maduros que nos 30, não tão frescos como nos 30, mas com a mesma determinação de sermos o melhor que conseguirmos. Hoje, talvez, sejamos mais tranquilos. Hoje, talvez, estejamos mais preparados para desfrutar. Hoje, pensamos mais no momento do que no que aí vem. Às vezes é bom deixar a vida rolar sem que tenhamos de estar constantemente a querer mudar de direção.
Quando a nossa filha mais nova tiver 20 anos, teremos 60. Aí espero ter força mental e física para acompanhar os seus desafios. Cada fase a seu tempo.
O Pai