Pai, os homens podem ficar em casa a cuidar dos filhos?
Nos últimos anos, temos assistido a várias mudanças no que toca à relação do Pai para com a educação dos filhos. Mudanças de mentalidade acima de tudo, mas também um conjunto de direitos que vieram conferir aos homens mais oportunidades para serem mais ativos no acompanhamento diários dos filhos.
Há 40 anos, o meu Pai era muitas vezes criticado no emprego por fazer questão de ir às consultas de pediatria comigo e com a minha Mãe. Era muitas vezes prejudicado por ter de faltar para ficar comigo em casa quando eu estava doente. Isto há 40 anos. E então o que evoluímos? Qualquer coisa, mas ainda temos um longo caminho para percorrer.
A educação dos filhos está naturalmente ligada às mulheres. Escrevo naturalmente por querer dizer que é algo que a natureza assim o criou. Escrevo naturalmente não para querer dizer que têm de ser as mulheres a assumirem totalmente esse papel.
Os homens também podem ser os principais educadores dos seus filhos, podem ficar em casa a cuidar das crianças, faltar ao trabalho para irem ao pediatra ou para levá-los à Escola.
A sociedade não está preparada para que este papel seja assumido pelo homem. O Pai é até capaz de sentir algum preconceito se o fizer, quer seja no trabalho e até no seio familiar. É uma questão de mentalidade, precisamente aquilo que referi como algo que está a mudar… mas neste caso muito mais devagar que os próprios direitos que nos assistem como Pais.
Quando fomos Pais decidimos que seria a Mãe que ficaria a maior parte do tempo com os bebés. Tanto no primeiro como no segundo filho, esta decisão foi tomada entre os dois. Em ambos os casos colocamos em equação a possibilidade de eu poder fazer parte da licença. No primeiro filho não tive a possibilidade de gozar a licença exclusiva do Pai por ter sofrido pressões na empresa em que trabalhava, agora tudo aponta para que fique os 30 dias finais da licença.
Mas então e se a nossa vida desse para que a Mãe ou o Pai se dedicassem à educação dos filhos. Se fosse possível trabalharem em horário flexível ou até de forma remota e conseguissem conciliar a sua vida profissional com a vida de Pai ou Mãe? Será que este cenário é utópico ou impossível mesmo? Acredito que seja possível com uma conjugação de fatores muito favorável.
O normal, neste cenário, seria a Mãe “sacrificar” a sua carreira profissional em benefício da família. E porque não o Pai? O Pai não pode ficar em casa a cuidar dos filhos?
Alguns tabus teriam de ser superados, algumas mentalidades teriam de se abrir para aquilo que hoje em dia tanto se fala, igualdade de género. "Um Pai a cuidar de crianças em casa?!? Isso é muito moderno”, estão a imaginar esta frase a passar na cabeça de tanta gente?
Daqui a 20 ou 30 anos, quando os meus filhos tiverem que decidir quem fica com os meus netos, espero que a decisão seja mais fácil. Não tenham de quebrar tantas barreiras e que as tais mentalidades tenham evoluído.
O Pai