Pai, o meu coração pode amar pelos dois
Para quem o Festival Eurovisão estava há muito guardado na gaveta, o furacão da música “Amar pelos Dois” dos irmãos Sobral foi um momento impar que nos prova mais uma vez que Portugal está cheio de talento e mais valias.
Depois de ter chegado tarde ao fenómeno, segui nas redes sociais alguns momentos, mas não liguei muita importância, fui puxado pelo meu filho para vermos a final do Festival Eurovisão.
Ele sabia tudo, quantos países eram, o número da nossa música, quem canta, como canta. Fiquei surpreendido! Soube até que a música tinha sido motivo de uma conversa na aula de Português.
Ouvimos em total silêncio a atuação do Salvador. A melodia envolve-nos, não nos faz dançar, mas cá dentro sente-se o ondular. Foi o primeiro momento de festa, cantámos “Portugal, Portugal!” à boa maneira de adepto de futebol.
Veio a votação. A cada 12 pontos era um salto de alegria. O miúdo aproveitava para recapitular as bandeiras dos países e de fazer perguntas sobre a geografia. A cabeça sempre a funcionar.
No final da votação dos países já estávamos a fazer a festa. Aos saltos, aos abraços e a gritar por Portugal…mas ainda não tinha acabado. Não sabíamos do peso da votação do público e que poderia mudar tudo. Foi aí que começou o nervoso miudinho. “Pai, o meu coração está a bater muito rápido, acho que estou nervoso”. Eu próprio também estava. Era o momento de assistir a um momento histórico e queria estar ali como Pai a vivê-lo em família.
Abraçamo-nos e realmente senti o coração a saltar. Momento decisivo! Últimos votos a aparecer… A Bulgária ainda podia ganhar. “Pai, sinto que vamos ganhar” ouvi quase ao mesmo tempo que é anunciado o vencedor…PORTUGAL.
Que grande festa! Saltamos, gritamos, corremos… Afinal era uma coisa que nunca tinha acontecido. Tem um simbolismo particular. Une música ao patriotismo, ao orgulho de sermos portugueses. O orgulho de, como disse o Presidente da República, sabermos que quando somos bons, somos quase sempre os melhores.
Um agradecimento especial aos irmãos Sobral, que nos mostraram como a sua cumplicidade pode mover montanhas.
Aqui fica a música, acompanhada por um desenho espetacular:
O Pai