Pai, não quero cortar o cabelo
Já tinha lido que a partir dos 4 ou 5 anos surgem alguns medos que até aqui ainda não tinham atormentado o meu filho. Há quem diga que se deve à sua maior perceção das coisas, daquilo que o rodeia e da própria evolução do seu raciocínio e capacidade de associar experiências.
Ora, se as crianças já sabem para que serve uma tesoura, vão de certeza reconhecer esse mesmo objeto quando vão cortar o cabelo. Pois, cortar o cabelo, se por um lado os enchemos de "Cuidado com a tesoura." e "Atenção ao que fazes com isso, pois pode aleijar muito", colocamos as crianças na cadeira de um cabeleireiro com uma tesoura a tilintar nos ouvidos.
Quando chegou a parte de acertar os cabelos atrás da orelha, veio o pânico. "Eu não quero que me cortem as orelhas...", gritou o meu filho do alto do seu 1,20m.
Sim do alto, porque entretanto já se estava a preparar para fugir dali, decidido a pôr termo àquele cenário.
Com muita calma, doses industriais de paciência e umas histórias mirabolantes pelo meio, os cabelitos rebeldes foram cortados. Nos dias seguintes as perguntas sucederam-se, sempre em torno do objeto cortante e o que é que podia fazer se cortasse uma orelha. Nenhuma pergunta pode ficar por responder, porque a curiosidade alimenta a mente e a imaginação.
O Pai