Pai, eu vou ajudar a minha irmã
Se num primeiro momento houve choro, agora está completamente apaixonado. O meu filho mais velho tocou os extremos, dando razão à expressão “Primeiro estranha-se, depois entranha-se”.
Eu e a minha irmã somos melhores amigos, partilhamos muito da nossa vida e ajudámo-nos muito. Nem sempre foi assim, é claro. Eu sou 9 anos mais velho do que a minha irmã e naturalmente que vivemos em fase diferentes. Com 18 anos e cheio de dúvidas sobre o meu futuro, era difícil a minha irmã com 9 poder ajudar, mas mesmo assim ela tentava e quando me via mais em baixo era a primeira a vir junto a mim fazer palhaçadas para eu animar.
A relação dos meus filhos como irmãos vai passar mais ou menos por estas fases. A fase do crescimento da mais pequena e a intromissão no mundo do irmão. As dúvidas existenciais do mais velho em contraste com a descoberta do mundo da mais pequena. Enfim, até uma certa idade a vida deles vai ser mais ou menos em paralelo, prevejo eu.
Das horas e horas de conversa que tive com a Mãe dos meus filhos sobre a ideia de voltarmos a ser Pais, um dos assuntos em que éramos consensuais era sobre a importância do mais velho ter um irmão. A relação de irmão é para sempre, tudo pode falhar, mas há sempre o irmão ali para segurar as pontas.
Um dia destes, o mais velho assistiu a uma conversa minha com a minha irmã. Ela estava a pedir-me conselhos para a sua vida profissional e eu, como sempre, a ajudá-la para que tome as melhores decisões, ou pelo menos que reflita mais tendo a minha experiência como referência, quer a positiva, quer a negativa.
No final da conversa, o meu filho comenta comigo: “Pai, quando a minha irmã crescer eu também vou ajudá-la?”. Curiosa a sua visão sobre como será ser o irmão mais velho. Para já é estar por perto, fazer palhaçadas e medir a temperatura da água no banho… Disse-lhe que logo a seguir aos Pais, os irmãos são as pessoas mais importantes na vida. Nem sempre se vão entender a 100%, mas no fundo serão melhores amigos. Finalizei assim “A tua irmã vai olhar para ti como um exemplo, por aquilo que fazes bem e por aquilo que fazes mal. Acredito que vá precisar da tua ajuda muitas vezes e tenho a certeza que tu vais querer estar sempre disponível para a ajudar.”… “Pois vou Pai”, respondeu quase sem pensar.
Aproveitei ainda para lhe dizer que na mesma medida que ele vai ajudar a irmã, o contrário também vai acontecer. “Ser irmão é isso mesmo”, disse-lhe.
Ter a oportunidade de ver esta relação crescer é um dos privilégios de ser Pai. Como duas pessoas com tanto em comum vão entender-se, vão brigar, vão brincar, vão vibrar com as conquistas de cada um e sempre, sempre, vão querer estar lá quando for preciso.
O Pai e a Mãe estão ali ao lado a assistir a tudo…
O Pai