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O melhor Pai do Mundo

Ser Pai é uma experiência que merece ser partilhada. Este espaço é dedicado a todos os Pais que receberam dos seus filhos o título de "O melhor Pai do Mundo".

Pai, eu não quero jogar Fortnite

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Na semana passada fui buscar o meu filho mais velho à Escola. Normalmente vem todo animado e cheio de histórias para contar. Demoramos cerca de 20 minutos a chegar a casa e não sobra espaço de tempo para outra coisa que não sejam as aventuras e desventuras do dia. Contudo naquele dia, foi muito silencioso. O miúdo estava chateado e qual o motivo? Os colegas não falam de outra coisa que não seja Fortnite e ele sente-se excluído.
 

O assunto “Fortnite” já veio à conversa tantas e tantas vezes que já perdi a conta. Em nenhuma destas conversas o meu filho nos pediu para jogar. Parece incrível dada a febre que se vive, mas o miúdo não quer jogar aquele jogo.

 
Ele não quer jogar porque simplesmente não gostou quando experimentou numa festa de aniversário de um amigo. “Pai, acho muito violento”, disse-me ele naquela altura em que jogou pela primeira e única vez. Ele gosta mais de jogos de desporto como o Fifa ou dos quizzes como o Saber é Poder. Gosta ainda de explorar o Roblox e de jogar aqueles jogos simples de computador. Fortnite, não!
 
Quem leu até aqui pode estar a pensar: “Foram os Pais que lhe disseram que não podia jogar”. Podemos ter influenciado de alguma forma, porque sempre dissemos que jogos com violência não têm grande piada, mas a decisão foi sempre dele.
 
Voltando ao silêncio daquele dia em que o fui buscar à Escola. Fiquei preocupado pelo facto da criança se ter sentido à parte, excluído da conversa por ter uma opção diferente da maioria dos colegas. Não deve ser fácil perceber o porquê. Tentei explicar que cada pessoa é diferente e que temos de respeitar isso e fazer com que nos respeitem. Em momento algum ele me pediu para jogar, mas já o observei a ver vídeos sobre o jogo e aí perguntei porquê ao que me respondeu: “Quero perceber do que falam para poder conversar com os meus amigos”.
 
Ou seja, ele não quer jogar, mas também não quer sentir-se fora do assunto. Acaba assim pode ceder em certa medida à pressão do grupo, mas mantém a decisão. Personalidade ou teimosia? Eu digo personalidade. Quantas decisões deste tipo nós e os nossos filhos teremos de tomar? Imensas. Devemos ceder a modas ou a tendências de grupo? Eu digo que temos de primeiro refletir sobre o que queremos e decidir por nós próprios.
 
O Fortnite acaba por ser o centro de muitas conversas entre crianças e não só. Vem ao de cima o tempo que passam a jogar, o modelo do jogo em que a violência está tão presente, a forma como jogam em rede e “vestem” a personagem, a máquina de propaganda que quase que nos obriga a, pelo menos, ir ver como funciona. Tudo é pressão e nas crianças ainda adicionamos uns pozinhos de intensidade na forma como lidam com esta pressão.
 
Não creio que este assunto seja de agora. Eu lembro-me na minha infância de passar umas tardes a jogar computador com os amigos e estarmos completamente viciados no jogo. A diferença é que na altura tínhamos de nos juntar para jogar, hoje pode ser feito à distância e de forma mais isolada. É mais do que um problema é uma característica da sociedade dos nossos dias. Devemos forçar para que os nossos filhos sejam diferentes? Não vou por esse lado, acredito que os podemos orientar nas escolhas, mas eles têm de se habituar desde cedo a tomar as suas próprias decisões.
 
O Pai