Pai, eu consigo fazer tudo o que tu consegues
Por vezes fico com a sensação que o meu filho se sente cada vez mais confiante com aquilo que consegue fazer, seja por aptidões físicas, seja por aptidões intelectuais. Fico também com a sensação que se compara comigo e com a Mãe em muitos aspetos. Será sinal que quer crescer mais depressa? Acho que sim!
Os miúdos vivem em comparação constante. Entram numa fase em que é frequente o “Eu sou melhor do que tu.”. É algo que os desgasta, mas faz parte do seu crescimento. Reparo que este comportamento chega a casa e nós os Pais somos colocados quase ao mesmo nível que os amigos na Escola.
Há dias, estava eu a fazer um pequeno arranjo em casa. Coisa rara, diga-se. Sou um pouco avesso a bricolage e sempre que a tarefa é (pouquinho) mais difícil chamo o meu Pai à ação. Por falar nisto, confesso, que este minha inaptidão para a bricolage e afins é algo que deixa uma pequena frustração no meu Pai. Ele bem tentou ao longo dos anos incutir-me alguns conhecimentos. Ele é eletricista, picheleiro, pintor, mestre de obras, enfim os sete instrumentos e eu um zero à esquerda para quase tudo. Nem tudo fica perdido, quando não sei, não invento e chamo o meu Pai. Ele até gosta!
Nesse arranjo que estava a tentar não desarranjar, precisei de ferramentas. Temos daqueles kits do IKEA com as ferramentas básicas. Desapertei uns parafusos, dei umas marteladas e nada. O miúdo estava mesmo ali ao lado, tão perto que lhe tive de pedir para afastar as mãos quando estava a martelar.
Ao ver que eu não estava a conseguir, disse-me “Pai, deixa-me tentar, eu até já vi o avô a fazer isto.”. Pois, compreendo, eu não sou a referência para este tipo de coisas e ele teve a oportunidade ideal para se chegar à frente e demonstrar que sabe, mais até que o Pai. Não será preciso dizer que tivemos de chamar o avô para resolver este desarranjo.
Este é apenas um exemplo daquilo que tenho reparado ultimamente. O miúdo chega-se à frente para quase tudo, quer ser útil, quer ajudar. Entra também com frequência nos debates, sejam sobre assuntos do quotidiano, seja algo que esteja a dar na televisão ou que ouvimos na rádio a caminho da Escola.
Eu vejo isto como um bom sinal, obviamente. Sempre que na medida certa, que não ache que pode mais do que realmente consegue ou que sabe o que na verdade não percebe. Nós fomentamos esta participação e cada vez mais o vamos fazer.
O Pai