Pai, em quem vais votar?
Hoje é dia de eleições, mas não se preocupem, eu não vou influenciar o voto de ninguém. Mais, eu não percebo nada de política, nem sequer me posso considerar um zero à esquerda, porque até há bem pouco tempo eu não sabia o que era esquerda e direita dos partidos políticos.
Admito que não vou votar sempre. Reconheço que não é o melhor exemplo. Gostaria de ser mais ativo, mais interessado, seja pela política nacional, seja pela política local. Sei que devemos escolher quem nos dirige, é um direito que nos assiste e que custou imenso conquistá-lo. Respeito muito este direito.
Já participei em inúmeras discussões políticas. Já fiz testes na internet para perceber qual seria a minha tendência política e os resultados dão sempre tudo muito equilibrado, entre a tal esquerda e a direita. Simplesmente não consigo perceber os meandros, as estratégias, as movimentações.
O meu filho há dias perguntou-me para que serviam as eleições e em quem iria eu votar. Expliquei-lhe que as pessoas têm o direito de escolher quem dirige o país ou o local onde vivemos. “Pai, é a mesma coisa que fizemos na escola ao escolher o delegado de turma?”. Sim, acaba por ser, respondi eu.
Enquanto estudava, pertenci uns anos à Associação de Estudantes. Eu era o representante do meu curso junto dos orgãos diretivos da instituição onde estudava. Foi uma experiência que me marcou. Sentia que tinha uma responsabilidade acrescida, que o meu trabalho era avaliado pelos meus colegas e que teria de fazer o meu melhor para os representar bem.
Já na altura, muitos colegas meus pertenciam às juventudes partidárias e seguiam ideais diferentes. Nunca me senti motivado a tal. Não conseguia encaixar em nenhum ideal, nem sequer me sentia motivado a seguir esse caminho.
Talvez por esta indiferença, não consiga hoje explicar com total clareza como funciona a política no nosso país, quem são os políticos e o que fazem por nós. Fico-me por transmitir-lhe que votar é um direito que teve de ser conquistado e que o principio da democracia deve existir em tudo o que fazemos. Gosto de lhe explicar que cada pessoa tem a sua opinião e que a deve expor, defendendo os seus argumentos. Digo-lhe também que, se algum dia, ele sentir que possa ser útil ao país ou ao local onde vive, que se chegue à frente e tente convencer mais pessoas em torno das suas ideias.
É um exercício interessante como Pai que acima de tudo promove valores de igualdade, de democracia, respeito pelos outros, altruísmo e liberdade de pensamento. Claro, se para o Pai isto é retórica, para o filho ainda é uma seca, mas estou a semear.
Não deixem de votar, é um direito que nos assiste.
O Pai