Pai, ainda nem acredito que vou ter uma irmã
Demorou, mas a criança lá de casa começa agora a ter a consciência plena que vai ser o irmão mais velho. O nosso filho foi a primeira pessoa a saber. Não preparamos com muito pormenor o anúncio, estávamos tão felizes que nem combinamos a forma como o iríamos fazer. Apenas trocamos uns olhares e a Mãe fez-me sinal para avançar.
Começou com lágrimas quando lhe dissemos que a Mãe tem um bebé na barriga. “Pai, o meu coração está a bater muito depressa” disse-nos mal soube que ia ter um irmão. O jantar parou ali mesmo. O miúdo começou a chorar compulsivamente, mas não dava para entender qual era o seu sentimento real. Claro que ficamos surpreendidos com a reação, mas demos-lhe espaço para se expressar à vontade.
Apenas voltamos ao assunto uns dias mais tarde. Sem forçar. O nosso filho é como nós, recebe a informação e processa depois. Esperamos que fosse ele próprio a puxar o assunto. E assim aconteceu, “Pai e Mãe, já sabem se é menino ou menina?”.
Desde a primeira ecografia que a probabilidade de ser uma menina é maior. E foi isso que explicamos. Daí veio mais um choro, “Menina?!? Nem sequer vai jogar à bola comigo!”.
O tempo foi passando e a barriga da Mãe continuou a crescer. Chegou a hora da segunda ecografia e decidimos que iríamos levar o nosso filho. Curioso como ele é, ficou maravilhado com a tecnologia e depressa se colocou ao lado do médico a fazer perguntas. “Como é que consegue ver dentro da barriga?”, “Ah, estou a ver as pernas e os braços… Uau!”.
Até que o médico lhe perguntou “Queres saber se vais ter um irmão ou uma irmã?”. Notei que ficou meio paralisado. Esta era a sua última esperança para que pudesse ouvir menino. “Sim quero” respondeu prontamente.
“Vais ser o irmão mais velho de uma menina!”, disse o médico.
Recuou, ficou a olhar para a imagem da ecografia e todo ele era informação a ser processada. Passados uns breves segundos, deu um passo em frente em direção à Mãe e disse: “Mãe, se é uma menina vai chamar-se Maria”.
Se na Mãe as emoções estão à flor da pele, no Pai não estão assim tão longe da superfície cutânea. As lágrimas caíram-me facilmente, a Mãe já estava afogada com aquela afirmação tão convicta. Foi naquele momento, foi aquele segundo que o trouxe à realidade. Foi ali que ele começou a ser o irmão mais velho.
Hoje, já faz planos! Seja para o quarto da irmã, seja para as roupinhas que temos de comprar. É ele mesmo que ajuda a escolher e faz questão de dar a sua opinião para tudo. Nasceu ali um irmão!
O Pai