Pai, a ciência é fantástica!
Estivemos de passagem por Lisboa, tínhamos na agenda uma visita ao Oceanário, mas resolvemos dar uma volta pelo Parque das Nações antes de entrar no mundo aquático. Eu já tinha ouvido falar que o Pavilhão do Conhecimento era muito interessante, especialmente para quem gosta de perceber um pouco melhor os mistérios da ciência. Lá fomos espreitar para vermos o que nos reservava.
Descobrimos logo uma coisa boa, os bilhetes são válidos para o dia todo, podemos entrar e sair as vezes que quisermos. A receção começa em grande, um pequeno robô interativo dá-nos as boas-vindas e até nos mostra algumas experiências que podemos encontrar logo ali no atrium de entrada.
Não há dúvida que a ciência é algo de extraordinário, que nos ajuda a perceber melhor o que nos rodeia. Imaginem então o que sente uma criança a experimentar tudo aquilo e a poder mexer!
São tornados, ilusões de ótica, bolas de bilhar que acertam sempre no buraco, bolas de sabão gigantes, uma mesa de alfinetes que molda as nossas formas e até uma sala de sombras que grava na parede as nossas palhaçadas. Isto tudo na primeira sala.
Mesa de Alfinetes
É muito interessante ver a reação das crianças a tudo isto. Ouvem ou leem as instruções e o que é suposto acontecer, de seguida mexem e experimentam e depois comentam o que aconteceu. De forma instintiva estão a documentar uma experiência científica. Ouvi várias vezes a exclamação "Pai, isto é ciência!".
Uma hora passou sem que déssemos conta e estávamos apenas na primeira sala. Mais ali à frente estava um desafio para corajosos, para alguém que queria desafiar as leis da gravidade e arriscar a sua própria vida... Atravessar de bicicleta as duas galerias do pavilhão equilibrado numa corda suspensa. Este é um desafio para...o Super-Pai!
Um momento cheio de dramatismo, em que a família assiste em suspenso. O Pai supera o desafio e é aí que entra o pragmatismo do mais pequeno. Dirige-se à monitora da experiência e pergunta como é que o Pai conseguiu tal proeza. Não estava certamente a duvidar das capacidades do Pai, mas queria ter a certeza do grau de risco. "É tudo uma questão de equilíbrio do centro de gravidade". Hmm! Não chega. "Para o Pai cair o que tinha de acontecer?" A pergunta sem rodeios que iria desmontar o meu momento heróico. "O teu Pai teria de pesar perto de 500kg para poder desequilibrar a bicicleta e cair." Pois, lá se foi o meu mérito. "Pai, a ciência salvou-te".
"Na segunda sala estava reservada a área mais física, sem tantos mistérios, mas com mais provas de destreza e de motricidade. Desde logo a experiência de simular o caminhar na lua. O fato não é bem o de astronauta e como tem de servir a vários tamanhos fica um pouco desajustado, contudo dá para uns saltos valentes.
A zona da casa inacabada é o descanso dos pais. As crianças vestem a pele de um construtor civil e constroem as paredes de uma enorme casa. Todos os equipamentos estão à escala e os tijolos são feitos de espuma. Foram 40min. de puro descanso nos sofás estrategicamente colocados ao lado da casa inacabada.
Ainda nesta sala, podemos testar a nossa forma física. Desde salto à corda ajudado por um robô, escalada horizontal, jogos de equilíbrio e rapidez e até um espécie de "Twister" tecnológico cheio de sapos para apanhar. Os miúdos não param, mas se os pais participarem asseguro que saem dali a suar.
O espaço do pavilhão é enorme e ainda havia duas áreas para visitar no rés-do-chão. São as exposições temporárias. A Dóing (nome fantástico que tanto pode ser um som engraçado como a tradução para inglês de "a fazer") permite às crianças fazer coisas, construir as suas próprias experiências, sejam de papel, em tecido, em madeira, etc. Estivemos uns largos minutos a construir um caminho para que um berlinde pudesse chegar a uma caixa. Temos vários materiais à disposição, desde pedaços de madeira, tubos de plástico, funis, etc. É um jogo para pensar e de equipa, excelente para todos participarem.
Dòing
Depois de uma pausa para almoçar e recuperar energias, regressamos (lá está a boa ideia dos bilhetes que servem para o dia todo). Estivemos a explorar a exposição "Viral", um conjunto de atividades, montadas em pequenos iglus de madeira que nos ajudam a perceber como se espalham os vírus e as bactérias e como nos podemos proteger. É um assunto sério, mas que ao ser explicado de uma forma lúdica, sensibiliza crianças e adultos. Resultado imediato destes jogos foi ter ouvido "Pai, preciso de lavar as mãos, estivemos em contacto com muitas bactérias".
Acho que depois desta descrição já entenderam que recomendo vivamente uma visita ao Pavilhão do Conhecimento. São sem dúvida umas horas bem passadas. O meu conselho é para que façam a visita em família, mesmo que as crianças já lá tenham ido em visita de estudo. Julgo que a idade ideal para que as crianças comecem a tirar partido são os 6 anos e de certeza que até aos 16 continuarão a achar que não é uma seca.
Nas bilheteiras há vários descontos para parceiros. Há ainda uma loja bem simpática da Science4u no final da visita. A curiosidade, a imaginação e o conhecimento daquilo que nos rodeia são factores que devemos, como pais, promover. Naturalmente as crianças estão sensíveis à ciência, mas é importante para perceberem que nós pais também nos interessamos e, acima de tudo, participamos.
O Pai
Mais informações: Pavilhão do Conhecimento