Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

O melhor Pai do Mundo

Ser Pai é uma experiência que merece ser partilhada. Este espaço é dedicado a todos os Pais que receberam dos seus filhos o título de "O melhor Pai do Mundo".

Pai, não sei onde está a minha máscara

pai-nao-sei-onde-esta-a-minha-mascara.png

A máscara! Já não bastava todas as limitações com que temos de viver, ainda temos de tapar a cara para estarmos mais protegidos. Lamentações não nos levam a lado nenhum, então temos de viver com esta realidade. Nas crianças o desafio é ainda maior. Tudo o que seja para lhes perturbar a sua normalidade leva com um saco cheio de lamentações.
 

“Pai, isto faz calor”, “Pai, não consigo falar com isto na cara”, “Pai, não aguento mais estar com isto”, “Pai, isto está a apertar-me nas orelhas”, “Pai, durante quanto tempo temos de usar isto?”, “Pai, isto embacia-me os óculos”…

 
É a toda a hora. O tema máscara até já substituiu o tema meteorologia quando não temos assunto. “Oh pá, isto da máscara dá-me cabo do juízo”, ouve-se em qualquer lado.
 
Está provado que o uso da máscara prejudica o funcionamento do cérebro devido à menor oxigenação por estarmos de boca e nariz tapados. Isto explica muita coisa hoje em dia. Adoro ouvir o mais velho a anotar o erros de utilização da máscara que vê nas outras pessoas: “Pai, olha aquele senhor que tem o nariz fora da máscara” ou “Pai, aquela senhora na televisão usa a máscara para segurar o queixo”. Ainda bem que há um lado divertido em tudo isto.
 
Mas ainda não vos falei do maior flagelo de todos: "Onde está a minha máscara?”, este assunto deveria ser assunto de abertura de telejornais ou primeira página de revistas. Saímos de casa com toda a tralha associada a uma família de 4 pessoas que perdeu as dinâmicas de saída nos últimos meses, estamos todos dentro do carro com cintos apertados e surge uma voz lá atrás: “Pai, não sei da minha máscara, assim não podemos sair de casa”. Eu sei que se costuma dizer que só não perdem a cabeça porque a trazem agarrada ao pescoço e tenho a certeza que isto de deixar a máscara em qualquer canto vai passar a fazer parte de um novo ditado.
 
Claro que é um novo acessório e não fomos nós que decidimos passar a usá-lo, daí não ser muito querido na nossa indumentária. Se às vezes nos esquecemos dos óculos (no meu caso os de sol porque os de ver não posso viver sem eles), da chave de casa ou do telemóvel, é perfeitamente normal que a “maldita” máscara fique para trás muitas vezes.
 
A nova realidade custa imenso a ser aceite. Vai levar-nos ainda mais algum tempo para vivermos sem reparar que estamos de máscara. Na escola, no trabalho no centro comercial e até na rua (não deve faltar muito), usar a máscara será como estarmos vestidos. Até nos habituarmos vamos continuar a voltar para trás em busca da máscara esquecida.
 
O Pai

Pai, não te esqueças de ti

pai-nao-te-esquecas-de-ti.png

É num misto de emoções e ideias que escrevo esta história. Quem segue as minhas publicações conhece a minha “luta” pela afirmação do papel do Pai na educação dos filhos. Nada disto é posto em causa com aquilo que vou escrever, é uma constatação de vida vivida.
 

Nos últimos meses muitos Pais e muitas Mães viram-se forçados a serem Pais a tempo inteiro. Consigo afirmar com quase 100% de certeza que a maioria não estava preparada. Esta estatística nua e crua criou um complexo de culpa na maioria dos Pais, levando muitos a sentirem-se esgotados e até com muito pouca paciência para aturar os próprios filhos.

 
Não fugi à regra e é aqui que começa o tal misto de emoções. Então para quem queria ser Pai a tempo inteiro estava a sentir dificuldades em lidar com esse tempo a mais com os filhos?
 
Demorei algumas semanas a ter a plena consciência do que se estava a passar. Não estava isolado neste sentimento, a Mãe também o sentia, mas ambos tentámos ser fortes e vestir a nossa capa de super-pais e que tudo estava bem. A carga emocional de todo o cenário que se criou à volta das nossas vidas, empurrou-nos ainda mais para uma necessidade que até aí as nossas vidas não tinham ainda pedido, pelo menos com tanta persistência.
 
Mas afinal o que é que faltava para estarmos em pleno como Pais, como profissionais, como companheiros, como filhos, como amigos…?
 
O erro foi tão evidente que a resposta parecia escondida atrás  de uma porta de vidro transparente. O erro que cometemos foi termos esquecido que nós existimos. Nós? Sim, cada um de nós, pois o Pai, a Mãe, o trabalhador, o filho, o amigo, aparecia sempre primeiro que…nós próprios.
 
É impossível vivermos sem nos colocarmos na equação. É impossível sermos Pais sem sermos homens e mulheres, sem sermos pessoas que precisam do seu próprio espaço e tempo. Na nossa vida “normal” este espaço e tempo era muitas vezes encontrado na viagem para o trabalho, na hora do almoço, na pausa para café. Mesmo num dia-a-dia atarefado, temos a capacidade de encontrar micro-momentos para nós e isso é como energia para a máquina funcionar.
 
Quando nos fechamos em casa, assumimos uma missão guerreira. Colocamos as armaduras e colocamo-nos na frente da batalha. Atrás de nós estavam os nossos filhos, muitas vezes até os nossos Pais e aí a última coisa em que tínhamos de pensar era no pobre soldado que estava ali na porta. Pois é… esse pobre soldado somos nós próprios.
 
Hoje sabemos que temos de nos prestar atenção. Não dá sempre para o fazer, as prioridades estão bem definidas, mas sem energia não conseguimos fazer o nosso papel e os nossos filhos precisam de nós a 100%.
 
O Pai