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O melhor Pai do Mundo

Ser Pai é uma experiência que merece ser partilhada. Este espaço é dedicado a todos os Pais que receberam dos seus filhos o título de "O melhor Pai do Mundo".

Reflexões do Pai #11

Pai, o que é o racismo?

É raro ficar sem uma explicação, mas hoje confesso que foi difícil. Ser alvo de descriminação e de insultos só por ter uma cor de pele diferente é algo que, nos dias de hoje, só mostra como partes do nosso Mundo parou no tempo e ficou bem lá atrás na evolução humana. Explicar racismo a um filho que vê toda a gente igual é difícil. Este episódio foi no futebol, mas todos os dias há manifestações deste género e é normal que uma criança que vive em igualdade ache estranho. Talvez só vá compreender a minha explicação daqui a uns anos, talvez nunca vá entender como eu não entendo. No dia seguinte toda a gente fala, mas amanhã ninguém se lembra e é por isso mesmo que faço questão de lembrar e explicar aos meus filhos as vezes que for preciso: somos todos pessoas, com cores de pele diferentes, que acreditamos em diferentes religiões e partilhamos um espaço imenso chamado planeta Terra. Pais, por favor, eliminem o preconceito e ajudem a eliminar atos deste género. Como? Sejam o exemplo dos vossos filhos e eduquem-nos a perceberem as diferenças e a respeitar cada ser humano. Só isso.

Pai, não cabemos os 4 no nosso sofá!

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A família aumentou, mas o nosso sofá mantém-se o mesmo desde os tempos em que ainda não éramos Pais. Obviamente que isto é um problema, sobretudo de espaço, mas também um problema de saber quem afinal é que manda lá em casa. Querem mesmo saber quem manda? Eu acho que conseguem adivinhar.
 
Há muitos, muitos anos eu e uma linda donzela de cabelos castanhos e sorriso deslumbrante, decidimos que iríamos reunir interesses e adquirir uma casa. Estávamos quase, quase a casar e resolvemos ir adiantando as compras para o nosso novo ninho e claro, depois da televisão (e da cama 🙄), chegou a altura de escolhermos o sofá.
 
Consultámos centenas de sites, desfolhámos umas dezenas de revistas e visitámos tudo o que era sítio de venda de sofás. O nosso consenso foi simples quanto ao modelo, mas quanto ao tamanho a coisa complicou-se…. Ela queria um sofá grande de 3 lugares ou até mais e eu queria um sofá mais pequeno de 2 lugares, mas de modelo largo, isto é, que bem apertadinhas coubessem 3 pessoas… ou pelo menos duas de pernas esticadas. A negociação foi dura e lá avançamos com a compra. Decidimos comprar um sofá de 2 lugares (esta parte ganhei eu) e mais um cadeirão (tive de ceder a esta peça).
 

Tudo ok…até nascer o primeiro filho. Até esse momento, o sofá era perfeito. Confortável, com estilo e sem nódoas. Nasce a criança e logo ali, nos primeiros dias, metade do sofá estava ocupado pela recém-nascida criatura. Metade?!? Verdade, em poucos dias o rapaz já tinha conquistado metade do território favorito dos Pais, neste caso do Pai, porque a Mãe tratou de se aconchegar bem juntinho à sua cria.

 
Os anos passaram e o nosso sofá continuava ali a fazer parte da família. Tinha já umas marcas de guerra, fruto de batalhas de leite derramado ou trincheiras de migalhas armazenadas debaixo das almofadas. O menino cresceu e o Pai foi reconquistando o seu espaço. Os tais 3 apertadinhos ajustavam-se ao sofá. Ótimo! Mas este tempo depressa acabou. As perninhas singelas do mais velho começaram a aumentar cada vez mais e estava cada vez mais difícil de conjugarmos 3 pares de pernas que se queriam esticar todas. Aqui o Pai, no seu espírito de missão, propôs-se a ser o fiel suporte das pernas que conviviam naquele sofá. 
 
O cenário de duas pessoas esticadas no sofá com as pernas em cima do Pai prolongou-se durante alguns anos. O Pai aguentou firme e até se conseguiu adaptar aos míseros centímetros quadrados que lhe sobravam.
 
E então nasceu uma princesa! Voltou a acontecer… primeiros meses e metade do sofá estava completamente tomado e a outra metade subtilmente ocupada pela Mãe. E os rapazes lá de casa onde se sentavam? O mais velho foi remetido para o chão e o Pai escorraçado para o tal cadeirão que foi escolhido pela Mãe, mas que raramente o utilizava. O nosso querido sofá voltou a viver tempos conturbados, o leite derramado, as migalhas…
 
Já passou mais de 1 ano que somos 4 lá em casa. "E como está a “guerra” pelo sofá?", perguntam vocês que ainda estão a acompanhar esta história épica.
 
Começando pela mais nova, gosta do seu cantinho do leitinho, mas raramente se senta. É frequente andar agarrada à volta do sofá a atirar brinquedos para cima de quem lá está sentado. O mais velho é agora o habitante mais frequente. Conquistou o “meu” canto e é muito difícil alguém o tirar dali. A Mãe, pontualmente consegue encaixar na covinha que foi formando durante os tempos em que os filhos eram recém-nascidos, mas tem agora muito menos oportunidades para se esticar. E eu? Querem mesmo saber?
 
Eu espalho-me pelo chão no tapete fofinho também escolhido por nós ainda não éramos Pais. E ainda bem que o escolhemos fofinho, porque agora é o meu espaço já que dificilmente vou reaver o meu poder no sofá. Fácil de saber quem manda lá em casa, certo?
 
Falta ainda mencionar um cenário muito importante. E quando as crianças vão dormir? Devem estar a pensar, finalmente o Pai volta a ganhar lugar no seu sofá favorito. Quase! É verdade que regresso ao meu cantinho de escassos centímetros quadrados e tenho a “felicidade” de ser o melhor pousa pernas do Mundo ou até por vezes a melhor almofada do Universo. Feliz da Mãe que aproveita!
 
O Pai

Reflexões do Pai #10


Os nossos filhos andam sempre com pressa.



 

A mais pequena chora porque não tem paciência para esperar pela próxima bolacha ou pela sopa que esta a aquecer no fogão. O mais velho desespera porque o vídeo demora a carregar porque a internet está lenta ou então bufa porque chegamos mais tarde que o previsto quando o vamos buscar à Escola. Coisas banais, sem dúvida. Mas será que os nossos filhos sofrem da nossa pressa constante? Do nosso stress de vivermos constantemente em luta contra o tempo? Claro que vivem e até mais do que nós próprios quando éramos crianças. O tempo é a nossa moeda de troca. Esqueçam os euros e outras divisas, é pelo tempo que o nosso Mundo se rege. Às vezes penso que quando numa manhã como sempre agitada o mais velho demora a tomar o pequeno-almoço ou a mais pequena faz um cocó quando já temos a porta de casa aberta para sair, se trata apenas de ganhar tempo para estar connosco. Acredito que se pensarmos assim vamos queimar menos células nervosas. “Vai sonhando”, diz-me a Mãe.

Pai, faz 10 anos que és Pai!

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Há 10 anos, num sábado frio de fevereiro a minha vida mudou. A pessoa que tinha vivido trinta e tal anos iniciava ali a experiência mais memorável, que mudaria para sempre a forma de ver o Mundo. Sim, faz 10 anos que fui Pai e tanta coisa aconteceu em 10 anos.
 
Entrei para a sala de parto com um misto de emoções. Por um lado a certeza que iria correr tudo bem, por outro o total desconhecimento do que seria o momento a seguir. Como iria ficar a minha vida depois de ter o meu filho nos braços?
 

Incrível como esse momento e toda a experiência de ser Pai mudou quase tudo em mim, as minhas prioridades, a minha forma de estar e pensar, a minha forma de agir, de tomar decisões, de planear, de me relacionar com os outros…tanta mudança que não chegaram os 10 anos que passaram para poder digerir, isto quer dizer que sou (e continuarei a ser) um Pai em formação.

 

Impressionante o que aquele miúdo me deu sem saber. O que ele me ajudou. O caminho que abriu para que pudesse ser Pai novamente. O que me ensinou…
 
Naquele momento, há 10 anos, vi nascer avós plenos de amor para dar, tios que são como Pais e vi nascer uma Mãe. Se me tinha apaixonado pela mulher, fiquei rendido à Mãe que nasceu ali. O turbilhão de emoções e desafios que temos de viver todos os dias como Pais, faz com que, por vezes, nos esqueçamos da importância de quem nos acompanhada, quem nos ajuda a conquistar, quem nos levanta nas derrotas, quem nos abraça na frustração e que o faz com ainda mais força nas vitórias. Ainda bem que embarcamos nesta aventura juntos, quase que sem rumo à vista, a contornar marés mais agitadas, mas a acabar os dias a olharmos um para o outro e a dizer sem falar “Missão cumprida…por hoje”.
 
Há 10 anos, escrevi a todos os meus amigos a tentar descrever o momento. Tentar, claro, porque nem sempre encontramos as palavras certas. A partir daí continuei a escrever, com via aberta do coração para as palavras.
 
Quando a enfermeira me perguntou: “Pai, quer segurar o seu filho nos braços?” apercebi-me que tinha nascido para ser Pai, que seria a minha razão principal para viver todos os dias de forma apaixonada. Segurei-o nos braços, contemplei-o durante uns longos minutos e disse…agora sim, SOU PAI.
 
O Pai