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O melhor Pai do Mundo

Ser Pai é uma experiência que merece ser partilhada. Este espaço é dedicado a todos os Pais que receberam dos seus filhos o título de "O melhor Pai do Mundo".

Pai, ser Pai a tempo inteiro é cansativo?

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Quem gosta de seguir os blogs de família mais conhecidos e vê as fotografias todas bem tiradas, as crianças sempre de sorriso nos lábios e bem vestidas, tem de ter consciência que o que está a ver é o lado bom da parentalidade. Ser Pai e Mãe não é um filme romântico, cheio de coisas bonitas, brincadeiras e felicidade. Ser Pai e Mãe é muito exigente e temos de estar (bem) preparados.
 
Desde o nascimento da nossa bebé que eu e a Mãe nos temos desdobrado para podermos ficar com ela. A família tem sido um apoio fundamental quando os dois não conseguimos ficar. Entre férias à vez e um ou outro prejuízo do nosso emprego, conseguimos assegurar que os primeiros 9 meses a menina fica connosco.
 

Os últimos quinze dias antes de ir para a Escola a menina fica com o Pai. São os últimos dias antes de começar uma nova etapa, tanto para a bebé como para o mais velho, ou seja, os nossos tesouros estão comigo e sozinhos praticamente o dia todo. É certo que são momentos únicos e não trocaria esta oportunidade por nada, mas acabo os dias completamente de rastos.

 
As rotinas estão bem enraizadas, as crianças são muito sossegadas, mas, como qualquer pessoa, a bebé e o menino gostam de fazer coisas diferentes, brincar muito e andar de um lado para o outro. Praticamente todos os meus minutos são dedicados aos dois. Estou entregue a eles. Eles decidem o que vamos fazer e eu participo com eles.
 
“Então e essas férias?”, perguntam-me. “Pais não tiram férias, dedicam-se aos filhos” e é mesmo isto que tenho feito. Não é a primeira vez que fico como Pai a tempo inteiro. Estive 30 dias de licença exclusiva do Pai a cuidar da bebé e aí pude aperceber-me na primeira pessoa de como é exigente.
 
Obviamente que o amor que sentimos suplanta tudo, mas o cansaço sente-se ao final de alguns dias. Depois do jantar, quando a energia das crianças ainda está em níveis bem altos, o Pai anda a cair pelos cantos. Felizmente a Mãe chega bem a tempo de dar uma ajuda preciosa. Aproveitando o horário reduzido, a Mãe pode ainda desfrutar da tal energia que parece inesgotável. Ou seja, não são raras as vezes em que tanto o Pai como a Mãe se aguentam heroicamente na sua batalha por uns momentos de descanso.
 
Ser Pai ou Mãe a tempo inteiro proporciona-nos momentos únicos, sem dúvida. Mas atenção Pais e Mães, nem tudo é fácil. Para as vezes que o Pai fica muito admirado que a Mãe se sinta cansada quando, em licença, se ocupou a 100% do bebé, nada melhor que experimentar ele próprio. Ao contrário aplica-se o mesmo, pois o Pai que se entrega vai sentir o mesmo.
 
Como referi o amor e a oportunidade única suplanta tudo e de certeza que daqui a uns tempos só me vou lembrar da cumplicidade que conseguimos criar e, acima de tudo, a memória que fica nas crianças sobre a ligação que estabeleceram com o Pai e a Mãe.
 
O Pai

Pai, conta-me uma história tua

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As viagens de férias podem ser grandes desafios e testes bem exigentes para a paciência dos Pais. O célebre “Já chegamos” ou o “Falta muito para chegarmos”, poucos metros depois de termos iniciado a viagem podem ser fisgadas no cérebro de um Pai também ele desejoso de férias.
 
Pois bem, este ano surgiu-nos a ideia de irmos a contar histórias sobre a nossa infância e adolescência. Eu e a Mãe fomos ao baú das nossas vivências e começamos a relembrar alguns dos episódios mais marcantes da nossa vida.
 
A mais pequena obviamente que não nos ligava nenhuma, estava a dormir ou simplesmente entretida a olhar para o irmão. Agora o mais velho parecia que imaginava cada história como se fosse um filme. Foram histórias da Escola em que fazíamos algumas asneiras na sala de aula (nada de mais para ele não ficar com grandes ideias), eram histórias nas viagens de autocarro entre casa e a universidade, eram histórias de encontros de família em que encontrávamos tios e primos que raramente nos víamos.
 

Eu gosto de contar histórias (nota-se) e tento sempre acrescentar alguma produção cinematográfica. O miúdo entra na história e faz perguntas e quer saber o que se passou a seguir, tal e qual num filme.

 
Ora, a história que demorou mais tempo a ser contada na viagem foi a minha aventura com 18 anos nas minhas primeiras férias só com amigos…(isto promete). Seis amigos de Escola, com um orçamento nível zero, queríamos ir para o Algarve fazer campismo. Cada amigo era um personagem e todos tinham um papel na história. Eu, o Carlos, o Nélson, os dois Pedros e o Vitor partimos sem planos e com grande expectativa.
 
Fizemos a viagem de comboio do Porto para o Algarve, mas no inter-regional que era bem mais barato. Na bagagem levamos as tendas, pouca roupa e duas bilhas de gás, sim, para poupar e porque tínhamos grandes ideias para cozinhar. “Ó Pai, vocês iam mesmo cozinhar?”, claro que não respondi eu! 
 
Primeira paragem Estação de Santa Apolónia em Lisboa, era ali que íamos apanhar o cacilheiro para a outra margem do Tejo. Cheios de energia, não havia espera que desesperasse. “Pai, demoraram 17 horas a chegar ao Algarve? De carro seriam só 6!”, mas era mais caro e sem tantas histórias para contar, como a dos ombros em ferida do Carlos que transportava as bilhas de gás ou o chocalhar da mochila do Pedro que ninguém sabia o que ele tinha dentro.
 
Depois de mais umas horas de comboio e outras de barco a motor, chegamos ao destino - ilha de Tavira. O nosso humor não era o mesmo da partida e quando chegamos à receção do parque de campismo fomos atendidos por um engraçadinho. “Lamento, mas não temos espaço”… “Ó Pai, não acredito!?! Uma viagem tão grande e não tiveram lugares?”… Recordo-me de ver o Pedro do alto dos seus 1,98m a olhar para o coitado do rapaz da receção e a dizer-lhe “Eu monto a tenda aqui na receção se for preciso”. O rapaz engoliu em seco e disse um tímido “Estava a brincar, aqui temos sempre vaga”. “Ufa Pai, achei que tinham de voltar para trás”.
 
“Pai, continua. Que coisas fizeram nessas férias?”. Desde o Nélson ter de dormir fora da tenda porque não queria deixar as sapatilhas do lado de fora, das idas ao supermercado e do Pedro pedir fatias contadas de queijo e fiambre, de termos atirado o Vitor à piscina com ele ainda a dormir e de eu ter precisado de um bom caldo verde (feito pela Mãe do Carlos) para finalmente expulsar excessos ou as 24 latas de atum que chocalhavam na mochila do Pedro para ele comer ao pequeno-almoço… “Pai, isso tudo foi mesmo verdade?!?”.
 
As melhores histórias são as nossas, aquelas que fizeram de nós quem somos. Basta juntar um pouco de drama, ficção quanto baste e o resto a imaginação das crianças encarrega-se de completar. Nesta história houve aventura, descoberta e muita amizade. Outras ainda estão por contar e decerto que vou ter mais oportunidades para as relembrar e tenho a certeza que as crianças vão pedir.
 
O Pai

Pai, posso voltar a ser bebé por um bocadinho?

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Já estávamos à espera que acontecesse, era uma questão de tempo. O nosso filho mais velho pediu para ser bebé por uns momentos. De que forma? 
 
A convivência dos irmãos tem sido espantosa, não poderíamos desejar maior cumplicidade entre os nossos filhos. A mais nova só tem olhos para o irmão, ele respira e ela desfaz-se em gargalhadas. O mais velho não a larga, brinca e até fala com ela. É óbvio que ainda não há invasão de espaço de parte a parte e acredito que quando isso acontecer as coisas vão mudar, mas para já as reações são as melhores. 
 
Muita gente nos pergunta como é que o mais velho reagiu à chegada da irmã. Respondemos que tem reagido melhor do que esperávamos, mas há sempre momentos de fraqueza. O mais velho deixou de ser o único foco de atenção, percebe que tem de dividir o tempo dos Pais com a bebé e que as rotinas diárias mudaram. Os sinais que nos passa é que compreende, agora o que passa realmente pela cabeça dele, não sabemos ao certo.
 

Uma situação que notámos é que de forma instintiva o mais velho se aproxima mais de nós a pedir momentos de colinho, de abraço, entre outros, tudo muito semelhante ao que a bebé requer. No fundo quer miminhos e nós Pais somos (e devemos sempre ser) uma fonte inesgotável de mimo e carinho.

 
“Pai, leva-me ao colo para a cama” é sem dúvida o pedido mais frequente. Nem sempre é possível e não queremos que seja uma regra, mas é impossível resistir a estes pedidos e na meia dúzia de metros que separam o sofá da sala da cama, não há dores nas costas que me safe. O Pai lá se arrasta para transportar os 30kg de gente, mas cheio de vontade.
 
Este foi um dos assuntos que falamos antes da bebé nascer, de que forma iríamos conseguir equilibrar a atenção entre os dois, sabendo que uma bebé é o foco natural. Felizmente e de forma muito instintiva temos conseguido conciliar, não pela regra dos 50-50, mas simplesmente seguindo o que nos parece mais correto.
 
O Pai