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O melhor Pai do Mundo

Ser Pai é uma experiência que merece ser partilhada. Este espaço é dedicado a todos os Pais que receberam dos seus filhos o título de "O melhor Pai do Mundo".

Pai, queres vir comigo ao passeio de final de ano?

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Hoje é o dia do passeio de final do ano letivo do meu filho mais velho. É aquele dia em que Pais e Mães ficam (ainda mais) com o coração nas mãos, a pensar (ainda mais vezes) nos seus filhos. 
 
Este ano fiz questão de ficar e aguardar que as camionetas arrancassem. Nunca percebi bem porque é que esperamos para lhes dizer adeus. São uns meros segundos é certo, mas ficamos melhor, mais descansados por estarmos ali no momento do arranque. 
 

Para além deste momento, fico sempre a pensar que os Pais também poderiam ser convidados a ir. Já sei que as crianças precisam de espaço e blá, blá, blá. Mas eu gostava de ir com eles e desfrutar de um dia diferente, conviver com os amiguinhos, com os professores e auxiliares. Passamos o ano todo a partilhar objetivos em torno das nossas crianças e porque não partilhar um dia em conjunto? 

 
Esta ideia não me surge do nada, nem sequer é original. Recordo-me perfeitamente dos meus passeios de final do ano em que a minha Mãe também ia. Tirava um dia de férias do trabalho e juntava-se a nós assim como outras mães dos meus colegas de turma. Por acaso não me recordo se iam Pais, julgo que não. Era um assunto de Mães, que organizavam o pic-nic num conceito de despique pelo prémio de melhor petisco. As professoras estavam lá no meio e o convívio era muito engraçado. 
 
Não guardo memória se me sentia condicionado pela presença da minha Mãe nos passeios. Claro que cada Mãe queria que os seus filhos fizessem boa figura e não abusassem com a sua presença. Tempo perdido! As crianças no passeio de final do ano estão em êxtase e nenhuma Mãe os segura. 🙂
 
"Ah pois, mas a partir de uma certa idade os teus filhos não te querem por perto!”. Eu sei e é precisamente por isso que eu também quero ir. Nós Pais também vivemos intensamente o ano letivo, acompanhamos tudo a par e passo, vivemos os momentos bons e os menos bons. Ir ao passeio é o ato simbólico de fechar mais um capítulo. É viver uma experiência que, mais ano menos ano, vamos deixar de ser bem-vindos.
 
Hoje, quando estava a dizer adeus ao meu filho na partida para o passeio pensei “Quem me dera ir ali dentro”.. Por acaso não lhe perguntei se queria que eu fosse, desconfio mesmo que ficaria na dúvida, não pela vontade (que eu acredito que era para eu ir), mas por não ser normal acontecer.
 
Para terminar, apenas um pormenor. De facto há 30 anos atrás não me lembro de ver Pais homens nos passeios da Escola, o meu não ia, disso tenho a certeza. Mas hoje, naquele grupinho que ficou à espera das crianças, eles estavam lá e acredito que lá no fundo tinham uma secreta vontade de ir também, assim como eu.
 
O Pai

Pai, tenho sempre um sorriso para te dar

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Do que é que precisamos quando chegamos a casa depois de um dia em que nada correu bem? Um sorriso chega! Do que é que precisamos quando passamos a noite às voltas na cama a pensar nos assuntos que temos na cabeça? Um sorriso chega!
 
É uma dádiva poder receber um sorriso dos nossos bens mais preciosos, os nossos filhos. Sinto-me o homem mais sortudo do mundo quando abro a porta de casa e sou recebido com um sorriso da nossa bebé, às vezes até dois, se o mais velho estiver bem disposto e até três se o dia tiver corrido bem à Mãe.
 

Fico derretido com um sorriso. Quem não fica? Especialmente de uma bebé linda como a nossa. A forma como regala os olhos, como aperta as mãos e faz umas covinhas nas bochechas… faz um Pai babado cair para o lado logo ali.

 
E um sorriso às 6 da manhã numa noite mal dormida? Quem gosta? Ouvimos uns murmuros no quarto ao lado e depois dos nossos cotovelos e uns “Vai lá tu” para cada lado resolverem quem vai levantar-se primeiro, calha-me a mim. Chego ao quarto ainda com os olhos remelados e encontro uma menina a espernear e a esbracejar toda feliz. O sinal dessa felicidade é o sorriso de orelha a orelha que me presenteia. Ora bem, nós já tivemos mais do que tempo para tirar parecenças e encontrar expressões e gostos semelhantes, mas acreditem que ninguém, mesmo ninguém, cá em casa acorda com um sorriso nos lábios…longe disso, exceto o mais novo membro da família.
 
Se em casa é espalhar sorrisos e a encantar toda a gente, já para fora o cenário é ligeiramente diferente. Com a família com quem interage mais, a coisa mantém-se. Derrete o coração das avós, dos avôs, das tias e das madrinhas. Bastam dois ou três segundos para se ouvir “Que linda! Está a sorrir para mim”. Quando nos cruzamos com pessoas menos frequentes no nosso dia-a-dia, a miúda altera o seu comportamento, mas não muito. Faz cara séria, olha para a Mãe e para o Pai, quase que a pedir autorização e lá aparece o sorriso. “Ela é sempre assim simpática”, perguntam. Pois é, a nossa filha mais nova espalha simpatia por onde passa.
 
E quanto vale aquele sorriso? Vale tudo. É fantástico sentir que esta forma de expressão pode traduzir que a menina está feliz, que quer interagir, que quer comunicar. Para mim Pai, é como se cada sorriso que capto fosse uma memória, uma fotografia que guardo do momento.
 
Por muitas voltas que o nosso dia dê, há sempre um sorriso à nossa espera.
 
O Pai

Pai, realizei um sonho!

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E quando o nosso filho realiza um sonho que eu próprio nunca tive oportunidade de o realizar? Qual é o sentimento que nos surge? Como é que reagimos à alegria extrema da nossa criança quando vive uma experiência que vai ficar para sempre marcada na sua memória? Eu reagi com um orgulho imenso, que contribuí, juntamente com a Mãe, para a felicidade do nosso menino. É isto mesmo que é ser Pai, certo?
 
Ontem o meu filho mais velho entrou em campo com os jogadores da Seleção de futebol. Já não chegava o estádio cheio e o ambiente vibrante, ver o menino ali no relvado foi espetacular. Faltavam escassos minutos para a entrada dos jogadores em campo, as bandeiras esvoaçavam nas bancadas e no relvado, o speaker anuncia “Aí vêm as equipas”. Senti um nó na barriga, um nervosismo irrequieto, parecia que era eu que ia subir ao relvado (quem me dera). Recebo uma mensagem pelo WhatsApp da Mãe: “Estou nervosa e tu?”, “Eu também”, respondi logo de seguida. 🙂 
 

Vejo os primeiros jogadores a subir e no meio de tanta gente, jogadores, dirigentes, organização, fotógrafos… em milésimos de segundo eu consigo encontrar o meu filho. Parece incrível, parece que existe uma ligação telepática. “O que é que ele está a pensar?”, “O que é que ele está a sentir?”, era o que me passava pela cabeça naquele momento.

 
“E agora o hino de Portugal”, anuncia o speaker. Ele estava ali tão perto que eu tive a tentação de o chamar. Era impossível ele conseguir ouvir-me ou mesmo ver-me naquele mar de gente. Eu tinha a sensação que sim. Não tirava os olhos dele. E lá começou o hino. Li-lhe os lábios e não falhou nenhum verso. O meu coração estava a bater forte.
 

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Os jogadores cumprimentam-se e as crianças cruzam as equipas e recolhem ao túnel. Sigo cada passo do miúdo, sempre compenetrado e sorridente. Entra no túnel…e passou tudo tão rápido. As 50 mil pessoas que enchiam o estádio estavam à espera do início do jogo. Para mim o jogo era um extra, o momento alto tinham sido aqueles minutos que antecederam a partida.
 
Eu e a Mãe tivemos de ficar separados. Os bilhetes que compramos eram num setor diferente daquele em que tínhamos de estar para receber as crianças. Ou seja, vivemos esta emoção a umas centenas de metros de distância. Fiquei a aguardar o menino durante a primeira parte. A dada altura, começo a ver uma fila de meninos e meninas a entrarem pela bancada. Vejo o meu filho e em menos de um segundo ele olha para mim e diz “Está ali o meu Pai”. Engraçado como a tal ligação telepática voltou a acontecer. No meio de tanta gente ele conseguiu, em pouco tempo, me encontrar. Juntamo-nos e vimos o resto da primeira parte. Eu tinha tantas perguntas para lhe fazer e ele tanta coisa para me contar, mas decidimos, mesmo sem falar, estarmos atentos ao jogo.
 
Intervalo. A azafama habitual das pessoas a levantarem-se. O nosso plano era ir ter com a Mãe. Tivemos de sair da bancada e do estádio e ir a correr para outra porta. Tivemos de percorrer perto de um terço do estádio. O miúdo estava ansioso por ver a Mãe, sentia-se isso em cada passada larga da sua corrida. Eu próprio estava acelerado. O nosso plano sempre foi assistirmos ao jogo os 3 (até queríamos ser 4, mas a bebé ainda não pode entrar 🙂). 
 
Este extra de entrar em campo surgiu na semana anterior, quando recebi um email da Federação de Futebol a promover um passatempo para as crianças acompanharem os jogadores. Agendámos discutir ideias ao jantar. Cada um, Pai, Mãe e filhos, deveria levar as suas ideias. Muito discutimos, mas lá chegamos a uma ideia. O miúdo fez o desenho nos dias seguintes e eu dei uma ajuda. Concorremos e ficamos à espera. Dias depois recebi uma chamada da Federação a confirmar que tínhamos ganho!!!
 
Volto à correria do intervalo. Chegamos à porta, onde eu tinha deixado a Mãe antes de nos separar-mos. Subimos as escadas da bancada e lá estava a Mãe de braços abertos, pronta para receber um abraço do seu orgulho. Assim como eu, a Mãe tinha tanta coisa para perguntar, mas a segunda parte estava quase a começar…
 
Final do jogo. O “nosso” Ronaldo deu-nos mais 3 golos e estamos na final. Hora de regressar a casa depois de tanta intensidade. Aproveitamos a viagem de carro para casa para fazermos as mil e uma perguntas. “Como foi?”, “O que fizeram?”, “Os jogadores foram simpáticos?”, “Cumprimentaste o Ronaldo?”… O miúdo foi respondendo, mas estava ainda a processar tudo o que tinha acontecido.
 
Chegamos a casa já os 4. A mais pequena adormeceu no carro e eu fui deitá-la na caminha. Juntámo-nos os 3 no sofá, voltei atrás a gravação do jogo e revivemos os momentos. Ao fim de três vezes a ver e a rever, o menino adormeceu no nosso colo. Foi o descanso do herói que tinha acabado de viver um sonho.
 
O Pai

Pai, já vou! Pai, já vou! Pai, já vou!

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Não é um disco arranhado, mas parece! Quantas vezes repete o nome do seu filho para que ele se despache a fazer qualquer coisa?
 
De manhã o nome dele fica tão gasto que às vezes a falar com a irmã mais nova me engano. “Acorda”, “Veste-te”, “Toma o pequeno-almoço”, “Lava os dentes”. Nos últimos tempos temos ouvido com muita frequência a expressão “Pai, já vou” ou “Mãe, espera um pouco”. E nós esperamos…e desesperamos.
 
Raramente fico zangado ou chateado quando tenho de chamar à atenção do meu filho mais velho. Tanto eu como a Mãe sempre privilegiamos o diálogo e a explicação das coisas em vez de chegarmos ao limite de impor palavras de ordem. O ideal é que fosse sempre possível ser positivo, mas às vezes a criança precisa de ouvir uma voz mais grossa do que o normal ou até ser chamado pelos nomes todos.
 

Lembro-me bem quando a minha Mãe ouvia duas ou três vezes eu a dizer “Já vou” e não hesitava muito a chamar-me pelo meu primeiro…e segundo nome. Lá vinha um "Márcio Pedro…" num tom ameaçador. Eu já sabia que estava a pisar o risco e o melhor era fazer o que a minha Mãe estava à espera que fizesse.

 
Muitas vezes se fala da educação que os Pais dos dias que correm dão aos seus filhos. Os adjetivos utilizados são quase sempre: somos mais permissivos, deixamos que as crianças façam tudo, somos demasiado protetores, não deixamos que as crianças pensem pelas suas cabeças, criamos as crianças em redomas, etc etc etc. Esta catalogação deixa-me chocado, especialmente quando traz agarrada a comparação com a educação do século passado que, segundo estas vozes ditas especialistas, era mais firme e dava mais espaço à criança. Meus caros e minhas caras especialistas, estamos a comparar o que não pode ser comparável. O Mundo muda a toda a hora e nós, meros seres humanos, adaptado-nos a estas contingências.
 
Sou muitas vezes apelidado de Pai moderno. Vejo-me quase sempre obrigado a contrapor este rótulo. A minha forma de ser Pai hoje é diferente da dos meus Pais, mas, na essência, inspira-se nos mesmos valores. Temos de contar com a evolução da espécie. Lá em casa, eu e a Mãe educamos os nossos filhos tendo em conta um conjunto de variáveis: aquilo que acreditamos ser o melhor para eles, aquilo que acreditamos que os faça crescer boas pessoas e aquilo que acreditamos que os faça felizes. Isto faz de nós modernos? Eu digo que somos normais, como a maioria o é. Cada Pai e cada Mãe tem o seu estilo que mistura uma série de aspetos. Generalizar e catalogar é uma tendência dos dias que correm e que temos de combater. 
 
Devemos ser únicos e autênticos.
 
O Pai