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O melhor Pai do Mundo

Ser Pai é uma experiência que merece ser partilhada. Este espaço é dedicado a todos os Pais que receberam dos seus filhos o título de "O melhor Pai do Mundo".

Pai, este mês ficamos só os dois

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Chegou o dia. É um misto de emoções. Se por um lado estou muito feliz por poder ficar com a minha filha por 30 dias e gozar a licença exclusiva do Pai, este mesmo momento significa que a Mãe vai voltar ao trabalho. É num clima de confiança mútua que iniciamos mais esta experiência. A Mãe esteve 5 meses e fez um trabalho fantástico, criou as rotinas certas para que a bebé crescesse saudável e sobretudo muito feliz. Agora é a minha vez e sinto-me muito motivado, mas com alguns receios. Normal, digo eu. A genética não deu tanto ao homem como à mulher na aptidão para cuidar dos filhos, mas cá estou eu para lidar com isso tudo.
 
Há nove anos não tive a oportunidade de gozar esta licença. A lei era muito recente e a empresa onde trabalhava encarou a minha vontade como uma falha no compromisso que, segundo os seus responsáveis, cada colaborador deveria ter para com a entidade patronal. Sempre achei essa atitude como uma clara falta de inteligência e, passados nove anos, continuo a achar o mesmo. Haverá colaborador mais comprometido do que aquele que acabou de receber nos braços um ser que será 100% seu dependente? Claro que não, mas são tempos passados e em cada cabeça reina uma sentença.
 
Nos últimos dias várias pessoas me perguntam o que é que espero deste tempo, outras dizem para aproveitar ao máximo, outras ainda desejam-me umas "boas férias". As perspetivas são inúmeras, a minha é de viver dia a dia de forma relaxada, com tranquilidade e a desfrutar do crescimento da minha filha. Os papéis invertem-se, agora vou ser eu a encher o WhatsApp da Mãe com fotos e vídeos para que se sinta ali ao lado a viver cada momento e cada conquista.
 

Ao contrário do que se possa pensar, não fiz nenhum plano para ocupar o meu tempo durante estes 30 dias. É normal achar-se que iremos ter imenso tempo livre, especialmente quando a bebé estiver a dormir, mas vou decidir aí mesmo o que vou fazer, nem que seja simplesmente sentar-me no sofá e ver uns filmes ou umas séries para descontrair.

 
Já o disse várias vezes que se pudesse viveria para cuidar dos filhos. A tempo inteiro ou tendo grande disponibilidade para tal, qualquer das situações me serviria. Estes dias vou “provar” um pouco o sabor desse cenário, mas sem criar demasiadas expetativas ou mesmo tentando provar a mim mesmo que sou capaz. Nada disso, estou 100% consciente do meu papel.
 
Para a minha filha é mais um momento de grande cumplicidade com o Pai. Este mesmo Pai que depois de ter estado 25 dias de licença nos seus primeiros 5 meses, de ter voltado por duas vezes ao trabalho e assistido às aventuras e desventuras da Mãe. Este mesmo Pai que ficava largos minutos todas as manhãs simplesmente a olhar para a bebé a dormir e que ouvia o mais velho “Pai, vamos embora, estamos atrasados para a Escola”. Este mesmo Pai que chegava a casa todos os dias e só queria abraçar com toda a força os filhos e a Mãe. Este mesmo Pai que agora vai preencher mais umas memórias que ficarão para sempre na recordação de todos.
 
Como é que poderia desperdiçar tamanha oportunidade? Perdi uma vez, mas disse que nunca mais.
 
O Pai

Pai, vai haver uma greve dos Pais?

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Está decidido, vou criar um sindicato dos Pais. O objetivo é defender os seus direitos e lutar por melhores condições para podermos educar os nossos filhos. A primeira medida para que todos nos fiquem a conhecer será… convocar uma greve.
 

O direito à greve assiste a todos e por isso vou convocar todos os Pais a manifestarem a sua indignação e revolta pelas condições que nos são oferecidas para desempenharmos talvez o trabalho mais importante do Mundo.

 
 
Sem Pais não há filhos e a nossa população ficará cada vez mais envelhecida, o que pode conduzir para o colapso da segurança social e obviamente do sistema nacional de saúde. Mas não é só este ponto que justifica a importância dos Pais na nossa sociedade.
 
Na greve que vou convocar, os Pais vão manifestar-se deixando os seus filhos em casa sozinhos, nas Escolas, entregues à família, etc. O que o Pais querem provar que são fundamentais para que a sociedade funcione. Esta greve vai provocar o caos nas Escolas porque não têm capacidade de ficar com as crianças todo o dia e até lhes dar condições para pernoitar. Vai fazer com que os Avós, os Tios e outros familiares faltem aos seus empregos, às suas atividades diárias, provocando desde logo um impacto na economia do país. Com esta greve o país vai parar.
 
O que é que os Pais reivindicam? Melhores condições para serem Pais, desde logo um apoio a sério do Estado, não o abono que nem dá para um pacote de fraldas. Os Pais querem mais tempo para estarem com os filhos e não querem depender da boa vontade dos responsáveis pelas empresas, querem ter direitos assumidos por todos. Ser Pai e ser Mãe é tão importante para uma sociedade como são os médicos, os professores, os enfermeiros, os controladores de tráfego aéreo, os motoristas de matérias perigosas, os operadores de supermercado, enfim, os Pais são estes todos e nunca fizeram greve…
 
Eu sei que é uma ideia parva a da greve dos Pais. Nunca iria acontecer tal coisa e porquê? Porque ser Pai e Mãe é assumir um compromisso com uma ou mais vidas, uma responsabilidade que não tem comparação com qualquer outra atividade. Quando nasce um filho, os Pais não querem saber se têm ou não as melhores condições, porque vão educar aquela criança com as que têm e vão fazer o seu melhor. Ser Pai não exige uma retribuição material, porque vivemos de sorrisos, de abraços, de palavras que guardamos e de momentos que nunca esqueceremos.
 
O Pai e a Mãe não pedem nada para ter um filho, apenas que tenham tranquilidade e que a envolvente, seja Estado ou outros agentes da sociedade não compliquem a sua vida. Os Pais nunca fariam uma greve porque isso iria privá-los dos seus bens mais preciosos, os filhos. Os Pais não ficam à espera que alguém lhes resolva um problema, porque vão fazer tudo para o resolver.
 
Afinal já não vou criar um sindicato dos Pais, pensando bem nunca o iria fazer, seria uma perda de tempo e energia e eu preciso destes dois fatores para… ser Pai.
 
O Pai

Pai, eu não quero jogar Fortnite

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Na semana passada fui buscar o meu filho mais velho à Escola. Normalmente vem todo animado e cheio de histórias para contar. Demoramos cerca de 20 minutos a chegar a casa e não sobra espaço de tempo para outra coisa que não sejam as aventuras e desventuras do dia. Contudo naquele dia, foi muito silencioso. O miúdo estava chateado e qual o motivo? Os colegas não falam de outra coisa que não seja Fortnite e ele sente-se excluído.
 

O assunto “Fortnite” já veio à conversa tantas e tantas vezes que já perdi a conta. Em nenhuma destas conversas o meu filho nos pediu para jogar. Parece incrível dada a febre que se vive, mas o miúdo não quer jogar aquele jogo.

 
Ele não quer jogar porque simplesmente não gostou quando experimentou numa festa de aniversário de um amigo. “Pai, acho muito violento”, disse-me ele naquela altura em que jogou pela primeira e única vez. Ele gosta mais de jogos de desporto como o Fifa ou dos quizzes como o Saber é Poder. Gosta ainda de explorar o Roblox e de jogar aqueles jogos simples de computador. Fortnite, não!
 
Quem leu até aqui pode estar a pensar: “Foram os Pais que lhe disseram que não podia jogar”. Podemos ter influenciado de alguma forma, porque sempre dissemos que jogos com violência não têm grande piada, mas a decisão foi sempre dele.
 
Voltando ao silêncio daquele dia em que o fui buscar à Escola. Fiquei preocupado pelo facto da criança se ter sentido à parte, excluído da conversa por ter uma opção diferente da maioria dos colegas. Não deve ser fácil perceber o porquê. Tentei explicar que cada pessoa é diferente e que temos de respeitar isso e fazer com que nos respeitem. Em momento algum ele me pediu para jogar, mas já o observei a ver vídeos sobre o jogo e aí perguntei porquê ao que me respondeu: “Quero perceber do que falam para poder conversar com os meus amigos”.
 
Ou seja, ele não quer jogar, mas também não quer sentir-se fora do assunto. Acaba assim pode ceder em certa medida à pressão do grupo, mas mantém a decisão. Personalidade ou teimosia? Eu digo personalidade. Quantas decisões deste tipo nós e os nossos filhos teremos de tomar? Imensas. Devemos ceder a modas ou a tendências de grupo? Eu digo que temos de primeiro refletir sobre o que queremos e decidir por nós próprios.
 
O Fortnite acaba por ser o centro de muitas conversas entre crianças e não só. Vem ao de cima o tempo que passam a jogar, o modelo do jogo em que a violência está tão presente, a forma como jogam em rede e “vestem” a personagem, a máquina de propaganda que quase que nos obriga a, pelo menos, ir ver como funciona. Tudo é pressão e nas crianças ainda adicionamos uns pozinhos de intensidade na forma como lidam com esta pressão.
 
Não creio que este assunto seja de agora. Eu lembro-me na minha infância de passar umas tardes a jogar computador com os amigos e estarmos completamente viciados no jogo. A diferença é que na altura tínhamos de nos juntar para jogar, hoje pode ser feito à distância e de forma mais isolada. É mais do que um problema é uma característica da sociedade dos nossos dias. Devemos forçar para que os nossos filhos sejam diferentes? Não vou por esse lado, acredito que os podemos orientar nas escolhas, mas eles têm de se habituar desde cedo a tomar as suas próprias decisões.
 
O Pai

Pai, alguma vez me mentiste?

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É tão bom quando nos apercebemos da pureza e inocência das nossas crianças. Quando olham para nós e sabemos logo ali que aquele olhar é sincero. Quando falam connosco e percebemos que estão a ser verdadeiros. Porque é que valorizamos estas ações tão básicas? Porque são tão difíceis de encontrar nos dias que correm.
 
E do outro lado? Como se sentem os nossos filhos quando se apercebem que os seus Pais lhes mentiram?
 

Mentir é uma quebra de confiança e muito do que as crianças vêem nos Pais é precisamente confiança. Quem é o Pai que nunca teve a necessidade de mentir aos seus filhos? Se existir algum que atire a primeira pedra. Eu assumo, já tive de mentir ao meu filho. Umas simples de digerir, outras que me deixam de consciência mais pesada.

 
Volta e meia lá vamos buscar a mentira fácil: "Se não comeres a sopa ficas de castigo", esta é tão velhinha que até a minha bisavó já a usava comigo. Depois existem as mentiras de circunstância: “Se arrumares o teu quarto vais ter um presente”, não damos presentes como prémios, o miúdo esquece rápido e não cobra nada. Finalmente as mentiras que magoam mais: “O Pai vai chegar mais cedo hoje”, mesmo sabendo que a reunião que tenho marcada vai prolongar-se. É nestas mentiras que há mais cobrança.
 
Talvez por nos ligarmos muito aos nossos filhos, não gostamos em circunstância alguma de lhes mentir. Eles acreditam piamente na nossa palavra e confiam cegamente em nós. Isto é para manter, sem dúvida.
 
Difícil de explicar é quando as crianças se apercebem que lhes mentiram. Por exemplo, uma mentira de um amigo é complicada de ser ultrapassada. Chegam a um ponto e perguntam “Pai, porque é que as pessoas mentem?”.
 
Ser verdadeiro nos dias que correm pode parecer ingénuo. Mas porquê? Educamos os nossos filhos a serem transparentes e quando se confrontam com o Mundo real deparam-se com um cenário tão diferente que os obriga até a crescer mais depressa que o suposto.
 
Mentir é enganar. É preciso muito descaramento e sangue frio para manter a face sabendo que se está a mentir. Porém, há sempre quem viva de mentiras e consegue safar-se tirando proveito. Acredito na justiça do Mundo e um dia a verdade vem ao de cima. 
 
O Pai