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O melhor Pai do Mundo

Ser Pai é uma experiência que merece ser partilhada. Este espaço é dedicado a todos os Pais que receberam dos seus filhos o título de "O melhor Pai do Mundo".

Pai, ajuda-me a adormecer

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“Então, como estão a correr as coisas com a bebé? Tens dormido pouco…” Este é sem dúvida o principal comentário que me fazem. A privação de sono quando nascem os bebés é, com grande distância, o maior desafio para o Pais. Sem dúvida que o é e temos de encarar o desafio “olhos nos olhos”.
 
Quando fui Pai pela primeira vez achei que poderia aguentar dormir menos horas e não compensar durante o dia. Resultado? Cheguei ao limite e fui parar à cama exausto. Mas não é do sono dos Pais que eu vou escrever desta vez, mas sim do sono das crianças.
 

Quantas vezes já vos aconteceu terem de adormecer as crianças e elas simplesmente não conseguem dormir? Quantas vezes elas lutam contra o sono e nós esgotamos os nossos truques e técnicas? E quando elas fecham os olhos, nós saímos em bicos de pé e passados uns segundos ouvimos o choro?

 
Pois, é por causa de situações como estas e tantas outras que os Pais olham para o sono como um bicho papão, aquilo que nos tira do sério.
 
Então e afinal qual é o limite do nosso papel quando os nossos filhos devem ir dormir?
 
Vou começar pelo mais velho. A exigência do dia a dia na Escola obriga-o a horários apertados. Ter de levantar-se pouco depois das 7 da manhã faz com que tenha de se deitar pouco depois das 22. Até devia ser mais cedo para poder dormir 10h, mas isso fazia com que a nossa já curta convivência ficasse ainda mais reduzida.
 
Chegada a hora, o miúdo faz a sua higiene, deita-se e espera que o Pai ou Mãe lhe desejem um bom sono ou, em alguns dias, contem uma história. Eu normalmente sento-me ao lado da cama, ali no escuro, quase sem me mexer. Há dias em que conversamos durante uns minutos, outros que adormece logo, mas eu fico sempre ali. Aqueles minutos são quase que uma terapia para mim. Ver o meu filho a adormecer é quase como fechar o dia com o dever cumprido. Levanto-me, beijo-o e digo-lhe que o Pai o ama muito. Ele acena com a cabeça e adormece imediatamente.
 
Passando para a mais pequena. O ritual é muito diferente, claro. Vou escrever sobre o adormecer à noite, antes de nós irmos também para a cama. Os sonos ainda não estão disciplinados. Umas vezes dorme 4h outras dorme 3 e já chegou a dormir 6h seguidas. Porém, há vezes que não consegue simplesmente adormecer. E é aqui que temos o maior desafio.
 
A tentação do colo dos Pais é grande. Estamos cansados, queremos descansar e a bebé não consegue adormecer na alcofa ou na sua cama. Tentamos tudo: cantamos, sussurramos, damos pequenas pancadinhas na fralda, fazemos massagens nas sobrancelhas… e nada. No nosso pensamento está a ideia que tudo o que fizermos de forma repetida vai tornar-se hábito. É verdade, mas se estivermos conscientes disso e se ajudar a bebé a dormir, porque não?
 
Acima de tudo é preciso bom senso e em alguma situações não vejo mal nenhum em recorrermos a profissionais que nos ajudem. Sem ser rigoroso do ponto de vista cientifico, julgo que o estabelecimento de rotinas ajuda muito. Se no mais velho a regra é: antes de ir dormir não há tablets nem brincadeiras muito aceleradas, com a mais pequena é fralda limpa, leitinho e aguentar ao máximo não tirá-la do sítio onde vai dormir, seja a alcofa ou a cama.
 
Claro que todos já ouvimos histórias de Pais que saem de casa de madrugada com os seus bebés porque eles só adormecem a andar de carro. Ou que têm de estar toda a noite a andar pela casa com eles ao colo porque não conseguem adormecer de outra forma. Não posso criticar estes Pais porque estão a fazer o que podem, nem sempre bem, é certo.
 
O sono, como já referi, é dos assuntos mais sensíveis na educação dos nossos filhos. Dormir é o equilíbrio do nosso corpo e um dos aspetos mais importantes para uma vida saudável. Se nós Pais ou as nossas crianças não estamos a conseguir este equilíbrio, então temos de pedir ajuda como se de uma febre ou dor de barriga se tratasse.
 
O Pai

Pai, não tem de ficar tudo nas tuas costas

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Quando é que eu senti a maior responsabilidade? Maior do que um novo emprego, um novo cargo, um projeto pessoal... qualquer coisa. Eu senti a maior responsabilidade quando fui Pai. 
 

Perceber que um bebé depende a 100% de nós Pais pode até ser algo assustador e muitas vezes faz com que nos sintamos presos no pensamento, no que fazemos e até naquilo que queremos para o futuro. 

 
Muitos Pais confidenciam comigo que depois de serem Pais sentiram que tinham de dar mais no trabalho, mostrar ainda mais compromisso, porque não podem perder aquele emprego que é fundamental para as contas. Este "peso nas costas" faz, muitas vezes, com que os Pais fiquem até mais tarde a trabalhar, aceitem ainda mais responsabilidades e com isso demonstram o tal compromisso acrescido que lhes garante mais segurança. Eu senti isto mesmo e procurei a tal segurança. O que tive em troca da empresa onde trabalhava? Nada. O que é que perdi? Tempo com o meu filho. Valeu a pena? Não. O que fiz de diferente no segundo filho? Estabeleci para comigo que a prioridade é a família e fiz saber disso mesmo a todas as pessoas que trabalham comigo. Disse-lhes também que iria dar tudo pela empresa, sempre com o máximo de compromisso, mas não iria dar mais tempo para o demonstrar. Provavelmente trabalho mais em 6h do que em 8h, mas fico dono do meu tempo e faço o que quero com ele, neste caso dou-o à minha família. 
 
Outro peso de responsabilidade tem a ver com a disponibilidade física em casa. Os primeiros meses de um bebé são muito exigentes à nível físico e leva muitas vezes os Pais à exaustão. No primeiro filho cheguei ao limite, fui parar à cama completamente exausto. Porquê? Porque não pedi ajuda e achei que podia aguentar todo o peso. Pensei que não era possível ser humano, tinha de me superar. O que ganhei com isso? Uns dias de cama completamente fora de jogo. O que fiz diferente no segundo filho? Fui mais transparente com a Mãe dizendo-lhe como estava e até se precisava de descansar. Fizemos (e fazemos) uma equipa perfeita, porque comunicamos, porque percebemos as fraquezas de cada um e complementamo-nos. Sinto que a dureza física está lá, mas não estou sozinho, ou melhor, não sinto que sou o último bastião da família que tem de aguentar tudo. 
 
Eu acredito em heróis, até acredito que todos os Pais e Mães o são, mas querem sempre mais e querem chegar a super-heróis, capazes de voar e aguentar o peso no mundo nas suas costas. O que é que acontece a estes super-heróis? Normalmente perdem estas batalhas e reduzem-se à sua existência. Então mais vale aceitarmos o que somos, assegurar que toda a gente à nossa volta sabe como somos e viver a vida dentro das nossas responsabilidades, sem mais nem menos. 
 
O Pai

Pai, quem vem comigo tu ou a Mãe?

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A nossa família cresceu e novos hábitos surgiram aos quais ainda nos estamos a adaptar. Um dos aspetos que notamos, desde o primeiro dia, um grande impacto é a necessidade dos Pais se dividirem entre as atividades dos filhos. Quando éramos 3 era fácil, para onde um ia toda a família acompanhava. Eram os jogos de futebol ao fim de semana, eram as festas de aniversário, as idas ao cinema, as idas ao pediatra, ao dentista e afins.
 

Desde o dia em que nasceu a nossa princesa, as mudanças aconteceram. Logo aí nesses dias, o mais velho ficou a dormir na casa dos padrinhos e depois com os avós. Estranhou? De início não, mas ao segundo dia agarrou-se a mim numa das visitas e disse-me “Pai, quando é que vamos todos para casa?”.

 
Como referi, são mudanças pequenas mas com grande impacto nos hábitos da nossa família. Como fazemos para levar o mais velho à Escola? Temos a felicidade de podermos acompanhar em conjunto o menino à Escola pela manhã. São uns meros segundos entre sair do carro e entrar no portão da Escola, mas são de extrema importância para todos. Desde o primeiro dia que tentamos ao máximo não falhar e, acreditem, o dia corre melhor se começar por ir levar o miúdo à Escola. E agora? Durante a minha licença e enquanto as aulas não acabaram, eu levei o menino todos os dias à Escola, ficando a Mãe junto com a bebé. Agora que regressei ao trabalho, tenho aproveitado para o deixar na Escola, mas a Mãe faz questão de escolher um dia ou outro para ir enquanto eu fico com a menina antes de ir trabalhar.
 
Nunca perdemos um jogo de futebol. Todos os fins de semana lá estavam o Pai e a Mãe na frente da claque de apoio a vibrar com cada passe e com cada golo. O que mudou? Pois, um campo de futebol não é um sítio apropriado para uma bebé recém nascida. Tivemos de nos dividir, o Pai vai ao jogo e a Mãe fica com a bebé. Assim aconteceu nos dois últimos jogos, mas no próximo à partida irá a Mãe que já está com saudades daquele nervoso miudinho. Mal podemos esperar para levar a menina a ver o irmão a jogar futebol. Quando isso acontecer, acredito que o miúdo vai sentir-se ainda mais motivado a marcar um golo.
 
Este são apenas dois exemplos de um conjunto de novas rotinas que ao sermos Pais de dois filhos temos de nos adaptar. Se em nós adultos estas diferenças custam a lidar, imaginem nas crianças. O nosso filho sempre foi habituado a ter a presença dos dois em praticamente todos os momentos. Deixar de a ter, especialmente num momento em que chega um novo membro, pode fazer com que “culpe” a irmã por tudo o que se está a passar. É normal que pense isso e o trabalho dos Pais é tirar essa pressão de cima do bebé e trazê-la para nós. Quem quis ter mais um filho foram os Pais. Assim que puder, a menina vai acompanhar-nos. É uma questão de tempo e… paciência.
 
Temos explicado que há coisas que vamos ter de mudar, mas que outras vamos continuar a fazê-las em família, que é normal nos primeiros tempos da bebé que existam cuidados especiais, mas que depois teremos mais liberdade para voltarmos a fazer quase tudo em família.
 
O Pai

Pai, fica connosco não vás trabalhar

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Esta semana regressei ao trabalho. Depois de 3 semanas de licença e mais uns dias de férias, volto à vida normal. Foi como se vivesse numa espécie de bolha temporal que não queria que chegasse ao final. Não houve um segundo deste tempo em que tivesse pensado que iria acabar, antes pelo contrário, vivi um dia de cada vez, a desfrutar de cada minuto.
 
No dia do regresso ao trabalho, acordei antes de toda a gente. O mais velho ainda não tinha Escola, por isso não tinha de se levantar cedo. Preparei-me em silêncio absoluto. Num quarto a meia luz, fiquei uns minutos parado a contemplar a bebé. Dormia que nem um anjo, sossegada, nada a perturbaria, nem mesmo saber que o Pai não iria passar o dia ali por perto, tal como tinha acontecido desde o dia em que nasceu.
 
Já pronto para sair de casa, voltei aos quartos para deixar um beijo a cada um. Comecei pela Mãe, que meia acordada me deu coragem para enfrentar este momento. Aproximei-me da mais pequena e agarrei a sua mão como que a transmitir-lhe que o Pai continua ali a protegê-la. Finalmente entrei no quarto do mais velho, abracei-o aos lençóis e sussurrei-lhe “Cuida bem das meninas”.
 

E lá saí de casa, com o coração em aperto por deixar a minha vida ali.

 
Não consigo imaginar o tempo em que o Pai nem tinha direito a ficar em casa após o nascimento de um filho. Sim, é verdade, já foi assim. Quanto muito o Pai tinha direito ao dia do nascimento, para pelo menos ir ver o bebé. Felizmente a sociedade apercebeu-se que os homens também fazem parte da educação dos filhos. A sociedade quer, mas o Pai também tem de querer.
 
A última década marcou uma viragem nos direitos parentais. Portugal aproximou-se daquilo que é praticado em países ditos mais desenvolvidos e aprovou leis que permitem aos Pais estarem mais tempo junto dos seus filhos recém-nascidos. Mas esta evolução não caiu bem em todos os quadrantes. Quando falamos no meio do trabalho, os gestores do tempo da "outra senhora” não gostam de ver os seus funcionários (não lhes chamam colaboradores) com “férias” fora de tempo.
 
“No dia em que o meu filho nasceu eu ainda vim trabalhar”, dizia orgulhosamente um desses gestores. “O que é que eu estava a fazer em casa, a Mãe estava lá”, mais uma pérola desta espécie em vias de extinção.
 
Se quando fui Pai pela primeira vez me custava compreender este tipo de progenitores, hoje é para mim impensável admitir que ainda existem. Mas existem…
 
Aquele dia do regresso teve horas infinitas. Demorou muito mais que oito horas, era como se um relógio estivesse na sala a bater cada segundo e a obrigar-me a contá-los. O meu corpo e mente foi trabalhar naquele dia. Fui o profissional que sempre me habituei a ser. Mas naquele dia deixei o coração em casa.
 
O Pai