Pai, quero-te junto a mim desde o primeiro momento
Ser Pai muda a visão que um homem tem do Mundo. Um Pai é uma pessoa diferente a partir do momento em que pega no seu filho recém nascido e olha para ele ou para ela e pensa “Agora é que é o momento”. A relação da Mãe com o bebé é natural, costumo mesmo dizer que é umbilical. Existe desde o primeiro segundo em que a semente do Pai chega ao óvulo da Mãe.
O Pai tem de ir construindo o seu instinto paternal. Tem de ir tomando consciência que o nascimento de um filho o vai mudar para sempre e que aquele amor é diferente de tudo o que já sentiu.
A montanha russa emocional que as Mães vivem é bastante desafiante. “São as hormonas”, diz-se nestas ocasiões, mas é mais do que isso. É gerir a mudança no corpo, é assumir o peso da responsabilidade de transportar uma vida dentro da barriga, é ser o centro das atenções e não se importar com isso.
E os homens quando são Pais sofrem com a mudança? Ao nível físico e mental há alguma reação hormonal?
Se por si só o momento do nascimento de um filho é tão marcante na vida de qualquer Pai, li recentemente que o homem produz uma hormona chama cortisol. Esta hormona, normalmente ligada a alterações relacionadas com o stress, ativa uma aceleração da circulação sanguínea. Li também, que no momento do nascimento e talvez sob efeito desta hormona, o Pai fica numa espécie de sentido de alerta que lhe permite dar uma atenção muito especial ao bebé, mas também à Mãe.
Para além desta reação no corpo do homem, está provado que a presença do Pai no momento do nascimento de um filho, transmite para o bebé uma energia super valiosa, trazendo-lhe sensações de segurança, confiança e, claro, muito amor. O bebé reconhece a voz do Pai, pois se esteve sempre ali junto à barriga da Mãe, vai notar em algo muito familiar. O Pai estar ali para cortar o cordão umbilical ou para ajudar a limpar o bebé, aumenta e muito a ligação que ali está a nascer.
Eu não conseguia imaginar um momento deste e não estar ali a viver tudo de forma muito intensa e apaixonada. Notei que há uma espécie de luta mental, em que de um lado ouve-se um “Vai correr tudo bem” e do outro “Se acontecer alguma coisa eu estou ali”. Claro que senti muita ansiedade, daquela que nos aperta o peito e acelera o coração. Claro que senti medo, claro qeu senti as pernas a tremer e as mãos como um espécie de formigueiro que nos tira a sensibilidade. Somos humanos, temos sentimentos e nosso corpo é uma máquina cheia de ligações nervosas e reações químicas.
Mas acima de tudo, o meu lugar era ali e no momento em que ouvimos o primeiro choro, o nosso corpo descarrega uma alta voltagem e tudo passa. Todos os sentidos são direcionados para o nosso filho e mesmo passando a ter uma enorme responsabilidade aos ombros, o amor incondicional e arrebatador por aquele pequeno ser ultrapassa (por larga distância) tudo.