Pai, tu és mesmo o Pai Natal?
A pureza de pensamento de uma criança é talvez das maiores riquezas que o nosso universo tem. As crianças são seres dotados de uma perspicácia muito apurada. Entendem coisas que os adultos deixam escapar. Logo, alimentar uma história sobre um senhor que em poucas horas distribui milhões de presentes por todo o mundo é uma missão que só determinadas pessoas conseguem manter. Sim, nós os Pais conseguimos.
Adoro manter esta história bem viva cá em casa. Talvez por ser das histórias que faz uma espécie de fronteira entre olhar para o nosso menino e passar a olhar para o nosso rapaz. É a minha versão emocional e sentimentalóide. Vivo bem com isso.
Acreditar no Pai Natal faz a criança imaginar mil e um cenários de como a história acontece.
Recordo-me que há uns anos, em pleno dia 24, eu vestido de Pai Natal e a abrir o saco dos presentes em frente ao meu filho e ouvi-lo dizer "Pai Natal tens uns chinelos iguais aos do meu Pai". A partir desse ano a aparição do Pai Natal passou a ser muito rápida, sempre a correr.
Neste fim-de-semana, num centro comercial, ao ver o Pai Natal a posar para as tradicionais fotos com as crianças, o meu filho disse-me "Pai, em que dia é que o Pai Natal vai deixar de andar aqui nos centros comerciais e vai começar a tratar dos presentes?". Eu disse que era até um dia próximo do dia 24, ao que me respondeu admirado "E dá tempo?". Nem consigo imaginar o que lhe passa pela cabeça nestes dias.
Este ano fica ainda na memória a primeira vez que vimos o anúncio da NOS sobre a revelação do número do Pai Natal. Estávamos na sala e por acaso tinha o telemóvel perto de mim. Achei o anúncio muito bom e resolvi perguntar ao meu filho "Queres que ligue ao Pai Natal?". Acho que congelou durante uns segundos. Antes de ele decidir que não, resolvi ligar mesmo.
Marquei o número e ficamos em suspenso. Ele ficou a olhar para mim a pensar como é que o meu Pai foi capaz de ligar ao Pai Natal?!? Eu nem sabia se ia alguém atender, mas desconfiei que havia ali qualquer mensagem. Pus em alta voz, a chamada tocou duas vezes e o miúdo ficou a olhar como que em suspenso.
Do outro lado atende uma voz masculina a falar. Nesse preciso instante o meu filho foge a sete pés dali da sala. Parecia um flash. Eu desliguei sem perceber a mensagem do outro lado. Estava curioso em perceber o que tinha passado pela cabeça da criança ao aperceber-se que eu poderia estar mesmo a falar com o Pai Natal.
“Pai, na televisão o Pai Natal é o Pai do menino.”. Julgo que pela primeira vez na vida ele ficou a pensar que cada Pai pode ter uma ligação ao Pai Natal, mas não ficou totalmente convencido. Que ligação é esta que existe entre os Pais e o Pai Natal? Como é que ele sabe o que é que as crianças querem?
Todos os anos fazemos a lista de presentes. Este ano foi um pouco diferente. Já não quis fazer uma carta. Reuniu todos os catálogos e escolheu meia dúzia de opções. A Mãe, super organizada, trata logo de perceber em que loja é que os brinquedos estão mais baratos. “Mãe tu ajudas o Pai Natal a poupar, mas como é que ele arranja dinheiro para tantos presentes?”. As perguntas começam a ficar cada vez mais difíceis.
Acho que este ano ainda vamos conseguir alimentar a história mágica do Pai Natal. Há Pais de colegas de escola que nos disseram que os seus filhos já sabem a verdade. O nosso ainda não. Até quando? Não sabemos.
O Pai