Pai, não me custa dizer que te amo
Ainda há homens que personificam o Pai durão, de postura fria, forte e de presença imponente e até austera? Ainda existem? Acredito que sim.
Não tenho problemas em afirmar que sou Pai galinha ou helicóptero como se costuma dizer hoje em dia. Também nunca conheci o Pai que descrevi em cima, talvez por isso as minhas referências sejam diferentes e me tenha tornado num Pai que não esconde os seus sentimentos para manter a sua postura.
Sinto-me lamechas e quando assim é surgem níveis elevados de carência afetiva, pouco normais para os cérebros masculinos. Quem paga são as bochechas e as costelas do pessoal lá de casa. Começo com pelotões de beijos contados um a um, seguem-se abraços tão apertados que qualquer lutador de wrestling pediria o KO em três segundos. Sou assim, um cola, um chato e só paro quando ouço "Pai, larga-me".
Num turbilhão de emoções à flor da pele, fico a pensar: no meio dos afetos, será que as palavras saem tão rápido como um beijo? Às vezes sim, outras vezes não! Aquelas palavras que dão alento ou corrigem alguma coisa, as que relembram das regras ou as que desafiam para uma brincadeira qualquer, essas estão sempre prontas. As mais sentimentais, tendo a guardá-las, de forma instintiva, para momentos mais especiais.
Aceito que se diga que estas palavras não se devem guardar e se deve abusar delas para expressar o que sentimos. Só assim é que libertamos as emoções. Concordo...em parte.
Por exemplo, julgo que uma expressão como "Amo-te muito" não deve ser banalizada para que preserve todo o seu sentido. Se eu a utilizar em muitas situações do dia-a-dia, o que é que eu vou dizer quando surge um momento de maior cumplicidade?
Claro que o amor pelos filhos é incondicional, imensurável, estratosférico... Por isso, naquela fração de segundo em que sentimos o nosso coração a encher e formiguinhas de adrenalina a percorrerem todo o corpo, eu digo "Amo-te muito", "És o meu sol" e por aí fora. Em contrapartida quando, por exemplo, o deixo na Escola, muitas vezes de coração partido, sai-me um "O Pai gosta muito de ti...vai". Coisas de homem? Deve ser isso.
Como escrevi no artigo "Pai, dá-me um abraço apertado" precisamos de 8 miminhos por dia para nos sentirmos felizes. Isto é estatística pura e dura, porque num dia como o de hoje, eu estou a precisar de pelo menos 80 miminhos, de um abraço apertado e uma frase sussurrada no ouvido: "Pai, amo-te muito".
O Pai