Pai, tomar a vacina dói muito
Se já acompanhou o seu filho à vacina sabe que sentimos tanto ou mais que a própria criança. Nós sabemos, por experiência própria, o que é que representa espetar uma agulha no braço, no rabinho ou até nas pernas. Não é nada bom, mas já diziam os sábios "Tem de ser e o que tem de ser tem muita força".
Recordo-me numa das primeiras visitas ao Centro de Saúde que tínhamos no cardápio três vacinas para o bebé de meses. Se uma vacina é uma tortura, três é um atentado à resistência da criança, dos pais e do enfermeiro, claro. Esse momento passou e recordo-me sem saudade.
Com o evoluir da idade fica-se com a perceção que o cenário vai mudar. Pura mentira! Com a idade, as crianças já sabem bem o que é que vão fazer ao Centro de Saúde e isso não facilita em nada a vida aos Pais.Mas coragem, há sempre um ou outro "truque" que pode ajudar:
Não precisa de dizer onde vai com antecedência
Não precisa de antecipar a dor por isso não precisa de dizer à criança com antecedência para onde vai e o que vai fazer. Assim evita que se forme um furacão de emoções e ainda nem sequer chegou ao Centro de Saúde.
Diga sempre a verdade
Dizer que não dói é mentira. Dizer que passa rápido é mentira. Diga a verdade, diga que vai doer um pouco e que depois da picada o pior já passou. A criança tem de confiar nos Pais, se essa confiança faltar fica gravado na memória que mentiram.
E se antes de entrar na enfermaria ouvirem-se outras crianças a chorar?
Situação complicada sem dúvida e difícil de explicar. Temos de estar seguros e agir com tranquilidade. Explicar que vai doer um pouco e que o choro ajuda a que passe mais depressa, porque...as lágrimas são mágicas (ok ok uma mentirinha destas passa...).
E se for preciso segurar com força?
Há que segurar então. É difícil, especialmente quando as crianças já têm alguma força e formas de se escaparem, mas temos de ser fortes e resistentes, é para o bem da saúde. Claro que aqui impera o bom senso. Não queremos que aquele momento seja um trauma para toda a vida. Se o dia não é bom, após alguma insistência, não o vamos tornar inesquecível pelas piores razões. Espere uns momentos ou até adie para outro dia.
Não deixe que os nervos se apoderem de si
Todos os Pais trocariam de posição com a criança sem pensar duas vezes, mas isso não serve de nada. Temos de ser os pilares do momento e segurar todas as pontas. O filho é nosso e a/o enfermeira/o estão ali para ajudar. Se achar que os nervos não deixam pensar, peça ao profissional que assuma a situação e desvie-se, decerto que não é a primeira vez que isso acontece.
Premeie a coragem
Capitalize o momento após a dor e elimine o cenário de trauma que pode acontecer. Premiar não quer dizer que tenha de comprar um presente, mas pode ser, por exemplo, a criança a escolher o jantar ou o jogo que vão jogar em casa. Se nós adultos precisamos de autoconfiança, as crianças também precisam de cimentar a sua coragem e controlo.
Se chegou até aqui neste artigo é porque segue as orientações do Plano Nacional de Vacinação e não pertence ao grupo de Pais que opta por não vacinar as suas crianças. Não critico este grupo, mas não me revejo nas suas opções. Concordo que há uma indústria por detrás das vacinas e os lobbies são muito fortes, mas acredito acima de tudo que a ciência trabalha com o objetivo prioritário de salvar vidas.
Por falar em Plano Nacional de Vacinação, saliento que estão previstas algumas alterações. A informação está no site www.dgs.pt e aproveito para transcrever a notícia e o acesso ao documento:
"Uma das principais novidades do novo Programa Nacional de Vacinação, que entrará em vigor a partir de janeiro de 2017, passa por uma nova e mais abrangente vacina contra o vírus do papiloma humano (HPV) que vai ser administrada às raparigas mais cedo, a partir dos 10 anos.O novo PNV prevê também o fim da vacinação universal com a BCG, contra a tuberculose, apenas serão vacinadas com a BCG as crianças que pertencem a grupos de risco para a tuberculose ou as que vivem numa determinada comunidade, com uma elevada incidência da doença.Outra novidade consiste na junção de vacinas do Programa a administrar aos dois e seis meses de idade. As crianças passam a receber uma vacina hexavalente, na qual constam a proteção contra a hepatite B, 'Haemophilus influenzae' tipo b (Hib), a difteria, o tétano, a tosse convulsa e a poliomielite.A vacina contra o tétano também vai sofrer alterações passando a ser administrada aos 10, 25, 45 e 65 anos de idade. Após os 65 anos, a vacina volta a ser administrada de 10 em 10 anos.O novo Programa contempla ainda a vacinação das grávidas contra a tosse convulsa para a proteção dos recém-nascidos até poderem iniciar a vacinação contra esta doença, a partir dos dois meses de idade. Para mais informações consulte a apresentação sobre o novo Programa Nacional de Vacinação."
"Pai, tomar a vacina dói muito." pois dói e a minha dor é ainda maior ao ver-te sofrer, mas esta "pica" vai aumentar os nossos super-poderes e vamos ficar ainda mais fortes.
O Pai
Fonte: Como preparar emocionalmente a criança para a vacina?