Ainda não encontrei uma Escola para Pais, onde exista um programa letivo com várias disciplinas e até vários patamares. A ideia é certificar Pais para serem Pais. Seria uma Escola que acompanhava o Pai nas várias fases desta "missão" e a avaliação poderia passar por levar os filhos para a Escola e interrogá-los intensivamente para que os professores pudessem perceber se o Pai estava a fazer um bom trabalho a ser Pai.
Piada, certo? Claro que sim. Há quem lhe chame Universidade da Vida, aquela que nos ensina a viver em sociedade e a resolver os nossos problemas quotidianos. E a sermos Pais, quem nos deve ensinar?
A minha Escola para Pais foi ter partilhado tantos ensinamentos com os meus Pais, com os meus Avós, com os meus Tios e com mais alguns pontos de referência familiares. Ser Pai, começa aí.
Mas é na vida real, com o bebé nos braços que realmente começamos a nossa graduação. Quando fomos educados estivemos a estagiar, quando somos Pais estamos num cargo de alta direção.
Há dias li um artigo muito interessante, escrito por um psicólogo que trabalha temas como a parentalidade e as relações familiares. O artigo descreve os 20 erros (só 20!) mais comuns que os Pais cometem na educação dos seus filhos. Vou listar os erros e comentar um a um:
1 - Dar-lhes muitas opções de escolha
O processo de decisão de um ser humano é complicado, mas se estivermos a falar de uma criança isto multiplica-se por 10. Costumo dar opções de escolha, limitadas é certo, mas que dêm espaço para pensar, pelo menos.
2 - Elogiá-los por tudo e por nada
Pois é... os filhos são a nossa razão de viver. Um simples malabarismo é motivo de palmas e foguetes. Diz o especialista que estamos a criar pessoas "elogio-dependentes". Uma coisa não faço, não ponho sempre um prémio como "cenourinha", isto sim, pode levar à dependência.
3 - Tentar mantê-los sempre felizes
O psicólogo diz que as crianças devem aprender, por si, a serem felizes e não forçadas a sê-lo. Sinceramente não sei como se pode forçar alguém a ser feliz. Ou se está ou não (ponto).
4 - Sobrecarregá-los com presentes
Concordo que pode haver uma ligação perigosa entre o receber um presente e a felicidade e isso pode viciá-los em compras compulsivas. Exagerado? Talvez, mas o bom senso tem sempre de imperar.
5 - Mantê-los sempre muito ocupados
A carga horária das crianças é, desde novinhos, muito parecida com a de um trabalhador comum. Das 9 às 6 na Escola e depois ainda existem os desportos, a música, a dança, etc. É muito tempo e acima de tudo muito cronometrado, mas é a nossa vida formatada à sociedade que temos.
6 - Acreditar que a inteligência os vai salvar
Todas as crianças são diferentes, têm interesses diferentes, motivações próprias. A inteligência é uma definição muito larga. Defendo o debate de ideias, a descoberta, a experiência e o auto-conhecimento, concreto e terra-a-terra, não sobrevalorizado. Se alguém conhecer os seus próprios pontos fortes, só tem de aprender a potenciá-los.
7 - Pensar que uma religião concreta lhes dará os valores corretos
Prefiro não comentar este ponto. Não sei bem onde começa e acaba cada religião e não sou devoto de nenhuma em concreto. Se uma pessoa se revê nos valores, deve acreditar e defender os seus pontos de vista.
8 - Evitar falar de alguns assuntos mais incómodos - como sexo
As crianças estão expostas a muita informação. É quase impossível controlar aquilo que elas sabem e nós Pais nem fazemos ideia. Perante isto eu defendo que os Pais devem ser o ponto de referência, a fonte de informação fidedigna, mesmo que depois as leve a querer saber mais. Se não formos verdadeiros ou fugirmos dos assuntos, deixamos de ser referências.
9 - Ser muito crítico nos erros das crianças
Querer a perfeição normalmente dá mau resultado. Têm de haver críticas, têm de haver correções e temos de observar intenção em corrigir. Se isto for conseguido, estamos no bom caminho. As crianças não são adultos em ponto pequeno.
10 - Envergonhar ou ameaçar
O que é que estamos a criar? Não nos podemos esquecer que os nossos filhos são um espelho daquilo que nós somos. Imponham a vossa posição de Pai com o poder da palavra e não com batotices!
11 - Deixar que façam coisas inapropriadas para a idade
As fases da vida das crianças têm de ser vividas a seu tempo. Tentar acelerar ou olhar para elas como se fossem mais velhas, só estamos a enganar o tempo e a desfrutar menos de cada momento.
12 - Não limitar o uso dos ecrãs
Os ecrãs dos telemóveis, dos tablets, do computador e da televisão ocupam hoje muita da atenção de todos, sejam adultos ou crianças. Para evitar que haja isolamento e concentração de atenção nestes aparelhos, devemos estabelecer regras.
13 - Não deixar que se aborreçam
Pensar que uma criança deve estar sempre ocupada e estimulada é exigir-lhes demasiado. Uma criança que se aborreça fica a saber, por si, quando deve descansar, mudar de brincadeira ou simplesmente fica a saber o que gosta mais de fazer.
14 - Protegê-los das suas próprias consequências e perdas
É frequente ver Pais a facilitar quando jogam um jogo com os seus filhos ou a assumir as consequências de uma asneira. O Mundo real não se passa assim, por isso deixemos que eles "sofram" pelos seus erros e aprendam a proteger-se.
15 - Não deixar que brinquem com algum perigo
Novamente o Mundo real e os seus perigos. Deixá-los perceber limites e regularem-se autonomamente só lhes faz bem.
16 - Fazer da hora de ir dormir um stress
A hora de ir dormir é um momento de muita cumplicidade. Há um descomprimir dos acontecimentos do dia, há um tempo para ler uma história e para resumir, de forma calma, o que de importante se passou nesse dia. Antes de adormecer há sempre lugar para uma troca de miminhos. Só faz bem!
17 - Não ler histórias ao mais pequenos
A imaginação das crianças é uma das suas maiores riquezas, por isso, ler é mais uma forma de os fazer viajar, para além de os cultivar a escutar, a interpretar e a gostar de ler (quando aprenderem).
18 - Tirar a chupeta cedo demais
É certo que a chupeta está associada a sentimentos de insegurança, mas tirá-la cedo demais pode fazer com que a criança ainda não esteja preparada. Porém pode tornar-se um vício e aí temos de agir.
19 - Deixá-los comer até não poderem mais
A auto-regulação na hora da refeição ajuda-os a serem disciplinados. Ninguém pode comer tudo o que lhe aparece à frente, muito menos as crianças em fase de crescimento. Explicar muito bem o que deve e não deve fazer, faz parte de uma boa educação alimentar.
20 - Dar umas palmadas
Esta “técnica” de educação parece-me desajustada. É difícil de compreender, pode dar aso a reações negativas e até a comportamentos desajustados com outras crianças. Eu sei que se costuma dizer que uma palmada na altura certa não faz mal a ninguém e que nos lembramos de um ou outro açoite dos nossos Pais, mas há mesmo necessidade disto?
O Pai
Fonte: I'm A Family Psychologist And These Are The 20 Most Common Parenting Mistakes I See